Quarta, 05 Fevereiro 2025

Uma em cada quatro empresas industriais do País sofre a concorrência de produtos chineses no mercado brasileiro, principalmente nos setores têxtil, vestuário, equipamentos hospitalares e de precisão e calçados. Dentre as empresas que relatam que essa concorrência existe, 52% perceberam que sua participação nas vendas para o mercado doméstico diminuiu.

Essas são algumas das conclusões de uma sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) entre seus associados. O estudo mostra ainda que a concorrência do gigante asiático também pesa no mercado externo. Segundo a CNI, 54% das indústrias brasileiras que exportam concorrem com os chineses. Dentre elas, 58% perderam clientes para concorrentes da China.

A sondagem revelou que 75% das empresas têxteis consultadas que concorrem com os chineses relataram que tiveram queda de participação nas vendas ao mercado interno. Entre as empresas de vestuário, esse porcentual é de 66%.

No mercado externo, o setor de vestuário está entre os mais prejudicados. A sondagem mostra que 31% das empresas desse setor que concorrem com a China pararam de exportar e 69% afirmaram que perderam clientes para os chineses. No setor de couros, 30% das empresas que concorriam com a China deixaram de exportar e 40% perderam clientes externos para os chineses. Na indústria de calçados, 20% das empresas consultadas deixaram de exportar e 65% perderam clientes.

A forte concorrência chinesa vem, inclusive, forçando a migração de parte da produção industrial brasileira para a China, em busca de menores custos de produção. O levantamento da CNI mostra que 12% das grandes empresas entrevistadas já transferiram, direta ou indiretamente, parte de sua produção para a China. Segundo o levantamento, 7% das grandes empresas já produzem com fábrica própria na China e mais 5% terceirizaram parte da produção naquele país.

O coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI), Flávio Castelo Branco, avalia que, para os próximos anos, a tendência é de que haja mais acirramento da concorrência entre a indústria brasileira e os produtos da China. “É preciso criar condições para enfrentar essa concorrência.”

Castelo Branco ressaltou que “não dá para colocar salvaguardas”, por exemplo, em todas as importações da China. A solução, na avaliação dele, é melhorar a capacidade de competição das empresas brasileiras.

A adoção de eventuais medidas de proteção comercial foi dificultada depois que o governo Lula reconheceu a China como economia de mercado para ajudar a entrada daquele país na Organização Mundial de Comércio. Com esse acordo, a adoção de medidas de proteção passou a depender de uma série de exigências, como longos processos em que deve ser provado e calculado o possível dano que os produtos chineses causam à indústria nacional.

“As indústrias já estão fazendo a sua parte. Mas o que precisa ser solucionado são problemas de natureza sistêmica como a alta carga tributária, a logística ineficiente, o alto custo de capital e mercado de trabalho com regras em excesso”, disse Castelo Branco.

Fonte: O Estado de S.Paulo - 09 MAR 07

 

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