A projeção do FMI é que o mundo tenha crescido 5,1% em 2006. Para os países emergentes e em desenvolvimento, a estimativa era mais otimista: 7,3%. No caso dos Brics (grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China), os resultados já divulgados mostram a distância que separa o Brasil dos demais integrantes. A China cresceu 10,7%, a Rússia, 6,7%, e a Índia projeta 9,2% (o número oficial sai este mês).
Caso a previsão da Cepal se confirme, pelo segundo ano consecutivo o Brasil só cresceu mais que o Haiti na região. A projeção do organismo com sede no Chile é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país caribenho tenha se expandido em 2,5% em 2006.
Para América Latina e Caribe, ela projetou expansão de 5,3%. E os números anunciados confirmam a previsão. A Venezuela cresceu 10,3%, a Argentina se expandiu em 8,5%, segundo índice do governo que é uma prévia do PIB. O Chile já divulgou os números de todos os meses do ano passado, mas o valor oficial será anunciado no dia 23 – a estimativa é que tenha crescido 4,2%.
Neste ano, o governo fala em expansão de 4,5%, graças ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já Cepal e FMI projetam crescimento de 3,5% e 4%, respectivamente. As estimativas foram feitas antes da divulgação do PAC.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Ipojuca, que o PIB não vai crescer por causa da vontade do presidente ou do governo. “O PIB vai crescer na medida em que a gente tenha uma dinâmica no País em que as pessoas acreditem que as coisas estão sendo feitas com seriedade”, afirmou. “E é importante lembrar que nós só podemos falar em crescimento hoje porque a economia brasileira está armada.”
GOVERNOS – Sob o primeiro mandato do presidente Lula (2003-2006), o PIB do País cresceu, em média, 2,6% ao ano, igualando a taxa média de expansão da economia nos primeiros quatro anos de mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-98).
Na segunda gestão de FHC (1998-2002), a expansão média da economia brasileira foi menor – 2,1%. Em oito anos de governo do PSDB, o Brasil cresceu 2,3%, em média. O perfil dos dois governantes é distinto. No governo Lula, destacaram-se o consumo (alta média anual de 2,5%) e o investimento (3,4%) no lado da demanda e a indústria (3,6%) no da produção.
Nos dois governos FHC, o principal ponto negativo foi o baixo crescimento industrial, mas, no primeiro mandato do tucano, consumo e investimentos foram bem, favorecidos pela estabilidade do Plano Real. As exportações, por sua vez, cresceram mais no segundo governo do ex-presidente.
“O segundo governo FHC foi de taxas mais baixas porque o cenário externo foi muito mais negativo. Teve ainda a crise de energia, em 2001, e a de 2002, provocada pelas eleições. Mas me parece que o crescimento agora é bem mais consistente, sem o controle da taxa de câmbio (do primeiro governo FHC)”, disse Paulo Levy, economista do Ipea, órgão do Ministério do Planejamento.
Fonte: Jornal do Commercio - 01 MAR 07