Quarta, 05 Fevereiro 2025

Reduzir os impactos do aquecimento global no agronegócio é o mais novo foco do setor de biotecnologia. As grandes empresas do setor, como Monsanto e Bayer CropScience, intensificam pesquisas de produtos e variedades de plantas mais resistentes aos chamados estresses ambientais, relacionados a chuvas, salinidade do solo e variações climáticas.

E o Brasil não fica para trás nesse processo, na avaliação da diretora executiva do Centro de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Alda Lerayer. Variedades de arroz, cana, feijão, soja e frutas preparadas para um ambiente mais quente já estão sendo pesquisadas no País.

A unidade de soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja) já realizou os primeiros testes de uma soja com um gene japonês que confere à planta maior tolerância ao estresse hídrico, ou seja, à seca. “Descobrimos que o gene acaba aumentando também a tolerância da soja ao calor”, conta Alexandre Lima Nepomuceno, pesquisador responsável pelo projeto.

O programa da Embrapa Soja surgiu de uma parceria com o governo japonês, que cedeu o gene para ser testado na soja. Experimentos já tinham comprovado a eficácia do gene se inserido no arroz.

“Agora estamos preparando a solicitação para que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) libere testes dessa soja modificada em campo aberto”, conta Nepomuceno, que é membro da comissão. Até agora, os testes da soja tolerante à seca foram realizados em casas de campo, espaços isolados do meio ambiente.

“O aquecimento global está aumentando o interesse nas pesquisas contra o estresse hídrico”, constata Alda, do CIB. Além da Embrapa Soja, ela cita outras iniciativas de entidades brasileiras nesse sentido. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba (SP), e o Instituto Agronômico do Paraná, já estão pesquisando uma variedade de cana resistente à seca, por exemplo.

Milho mais resistente
A líder mundial de sementes modificadas Monsanto também está de olho nessa nova linha de pesquisa voltada à redução dos impactos de estresses ambientais. Segundo a empresa, uma de suas novidades mais importantes é uma variedade de milho tolerante a estresse hídrico, que já está em testes de campo. De acordo com a Monsanto, essa variedade já apresenta resultados de campo superiores aos do similar convencional por três safras consecutivas.

O projeto, considerado dentro da companhia como Tecnologia de Alto Impacto (HIT, na sigla em inglês), é de um milho híbrido, ou seja, obtido a partir de sucessivos cruzamentos de diferentes variedades da mesma espécie. A Monsanto não revela quando e onde o milho tolerante à seca estará disponível no mercado.
Os projetos das empresas concorrentes nessa linha de pesquisa são cercados de segredos, devido ao alto grau de inovação nela inseridos. A alemã Bayer CropScience confirma que criou “há alguns anos” uma linha de pesquisa de estresses abióticos (ambientais), porém não dá detalhes sobre o estágio da pesquisa. Segundo o gerente de Tecnologia da Bayer no Brasil, André Abreu, as pesquisas da empresa nessa área não utilizam apenas a biotecnologia: “Além de identificar genes úteis contra os estresses ambientais, também buscamos identificar fatores que estimulam esses genes, para assim poder realizar uma indução”.
Em outras palavras, além de novas variedades, a Bayer pode estar buscando novos agroquímicos que estimulem os genes das planta a protegê-la contra uma seca, uma inundação ou uma variação de temperatura.

Outra iniciativa citada por Alda Lerayer é o investimento de US$ 150 milhões que as fundações norte-americanas Bill & Melinda Gates e Rockfeller estão fazendo na África para buscar novas tecnologias agrícolas que viabilizem a produção nas condições africanas. “Esse projeto tem parceria com várias multinacionais da biotecnologia, que buscam na África desenvolver produtos adaptados para áreas mais quentes”, afirma a diretora do CIB.

Fonte: DCI - 28 FEV 07

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