A Escola Politécnica (Poli) da USP é sede de um novo Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid). Denominado Centro de Pesquisa para a Inovação em Gás Natural (CIG), o projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da BG Brasil (ligada ao BG Group, empresa da área de energia). A apresentação do novo Cepid aconteceu no dia 13 de agosto, no auditório do Tanque de Provas Numérico (TPN) da (Poli).
Com a coordenação do professor Julio Meneghini, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, e de Alexandre Breda, gerente de Projetos Ambientais da BG Brasil, esse é o 18º Cepid da Fapesp. Durante os cinco primeiros anos, os recursos destinados ao novo Cepid totalizarão R$ 110 milhões – R$ 35 milhões da Fapesp, R$ 35 milhões da BG e R$ 40 milhões, em valores indiretos, da USP.
A equipe será formada por 174 pesquisadores, sendo 42 professores e 132 pós-graduandos. Os docentes são de diferentes unidades da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), situado na Cidade Universitária. “Esse grupo é o início e o embrião de um grande projeto, porque um dos nossos objetivos é atrair outras empresas”, disse Meneghini.
Os trabalhos a serem desenvolvidos pelo CIG terão como foco as novas aplicações do gás natural e os estudos para a redução da intensidade de carbono no gás natural. “Alguns dos projetos deste Cepid visam a aumentar a eficiência dos processos de combustão utilizando gás natural. Temos um elenco de projetos que vão trabalhar com técnicas de otimização na fronteira do conhecimento”, acrescentou Meneghini.
O plano pretende desenvolver pesquisas científicas em três áreas: engenharia; físico-química; e política energética e economia. “A Fapesp cobra muito, cientificamente, os projetos que ela patrocina. Como ela está patrocinando 28 projetos, nós temos a expectativa de fazer com que as publicações tenham um impacto muito grande, sem esquecer de fazer transferência de tecnologia”, afirmou.
O evento no TPN também teve a presença da equipe técnica da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), uma empresa pública criada por lei em 2010, mas fundada por decreto somente em agosto de 2013. Entre seus objetivos estão gerenciar e fiscalizar os contratos de partilha de produção e comercialização de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos, além de representar a União em acordos de produção.
A equipe da PPSA esteve na USP com o objetivo de verificar as áreas de conhecimento da Universidade que podem contribuir com soluções científicas para os problemas enfrentados. “Nós vamos precisar de consultorias e procuraremos as universidades para alguns problemas estratégicos da PPSA, que incluem obter mais conhecimento sobre os recursos do pré-sal, fazer análise econômica e outros estudos estratégicos”, afirmou o diretor da empresa, Edson Yoshihito Nakagawa.
Convênio
O coordenador-geral do TPN, professor Kazuo Nishimoto, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, conta que resolveu organizar o evento para que os professores da Poli tivessem mais acesso a informações sobre a PPSA, já que se trata de uma nova empresa estatal que gerencia todos os campos do pré-sal.
O relacionamento entre a empresa e a Universidade está, por enquanto, somente em estudos. Por isso, poucas metas foram definidas. “Ainda teríamos que assinar um convênio e, dentro desse convênio, ter vários projetos mais específicos”, disse Nishimoto. Segundo ele, algumas propostas seriam consolidadas ainda em agosto. A Escola Politécnica poderá contribuir com o Tanque de Provas Numérico – laboratório pioneiro na área de petróleo, gás e sistemas marítimos – e com pesquisas produzidas pelo seu corpo docente.
Durante o evento, Edson Nakagawa ainda apresentou as diretrizes e atuações da PPSA, além de mostrar alguns números a respeito da exploração da camada do pré-sal. O diretor mencionou que se espera um investimento de US$ 108 bilhões no processo exploratório até 2019. No mês de maio deste ano, por exemplo, a produção nos 49 poços de extração do pré-sal foi de aproximadamente 900 mil barris de petróleo. “Isso significa uma produtividade muito alta. Temos poços hoje produzindo mais de 30 mil barris por dia”, explicou.
Ainda foi comentada a criação do regime de partilha, em 2010, para a exploração do Campo de Libra, a maior reserva de petróleo conhecida no Brasil, que será o processo utilizado nas futuras negociações. Nesse caso, a União recebe uma parte do excedente em óleo, que é convertida em investimentos em educação e saúde. “A nossa finalidade é sempre maximizar os resultados econômicos dos contratos de partilha e na comercialização de petróleo e gás da União”, disse Nakagawa.