O impasse entre a lista vermelha de espécies ameaçadas e os pescadores teve um novo episódio esta semana e, dessa vez, quem ganhou a batalha foram os pescadores. Na quinta-feira (02), José Ivo Sartori, governador do Rio Grande do Sul publicou decreto “desprotegendo” os peixes marinhos no estado. Agora, espécies como tubarão-azul, garoupa, bagre e dourado podem ser comercializados novamente.
A portaria derrubada não foi a 445, do Ministério do Meio Ambiente, que proibia a pesca e comercialização de peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção em todo território nacional. Esta norma havia entrado em vigor em dezembro de 2014 e sofreu resistência de grupos de pescadores, que chegaram a bloquear a passagem do rio Itajaí-Açu, em Santa Catarina, em protestos contra a proibição. O que caiu foi a Lista Vermelha de Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Rio Grande do Sul, que incluía mais espécies que a nacional.
Na prática, tanto a do estado - mais restritiva - quanto a nacional não serão aplicadas no território gaúcho até a normativa conjunta ser assinada entre os Ministérios da Pesca e do Meio Ambiente, conforme parecer da Advocacia Geral da União (AGU) baseado na Lei Federal nº 10.683.
O governo gaúcho considerou que esse parecer valia para a Lista Vermelha do estado e baixou decreto suspendendo a proteção dos peixes marinhos. Isto talvez alivie para os pescadores que levaram multa do Ibama por pescarem 210 tubarões-azuis (Prionace glauca). Após a apreensão, representantes dos pescadores pediram ajuda ao Ministério da Pesca, que conseguiu defendê-los apelando para a Procuradoria Geral da União. Por Daniele Bragança/O Eco