Menos de 2% das cidades brasileiras fazem o monitoramento da qualidade do ar. Não chove, não lavo é uma campanha que está cutucando aqueles cidadãos que insistem em gastar água. O exemplo de um morador que formou um pomar no jardim de casa e ajuda a melhorar a qualidade de vida nas cidades. Estas são as reportagens que o Repórter Eco traz na edição deste domingo (9/11). Com apresentação de Márcia Bongiovanni, o programa da TV Cultura vai ao ar às 17h30.
São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais que melhor vigiam as emissões de poluentes do ar. Nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, a situação é mais crítica. Para o médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, a poluição do ar, especialmente nas grandes cidades, está entre os dez temas mais associados com mortalidade precoce no mundo. “Só em 2012, 7 milhões de pessoas morreram precocemente devido à poluição do ar”. Também nesse mesmo ano, na capital paulista, pesquisadores indicavam que o poluente reduzia a expectativa de vida em um ano. “Agora, calculam que quem mora na metrópole, vive em média três anos a menos”, acrescenta Saldiva.
Pelo levantamento feito pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, uma ong formada principalmente por médicos, menos de 2% dos municípios brasileiros medem a qualidade do ar. “Faltam indicadores para estimular a geração de políticas públicas que cuidem da preservação da saúde dos brasileiros", diz o médico.
A campanha Não chove, não lavo, criada pela ong internacional TNC, The Nature Conservancy, tem como foco os veículos. Partiu dela uma conta simples, mas muito preocupante. São Paulo tem cerca de 7 milhões de veículos e se todos os motoristas resolverem lavar os carros, serão gastos 3,5 bilhões de litros de água. Por isso, a ideia é estimular o paulistano a não lavar seu carro em época de seca, como a atual.
O coordenador do movimento Água para São Paulo, Samuel Barreto, explica que mesmo com essa crise, ainda é possível ver a quantidade de veículos que são lavados, diariamente. “É importante engajar a população, falar de uma forma com humor, para que ela possa participar. É importante neste momento economizar cada gota de água e para isso a resposta da sociedade vai ser fundamental para a gente aumentar a vida útil dos nossos mananciais, das áreas que abastecem São Paulo".
Já na calçada da casa do Rogério, um sobrado simples, na cidade de Guarulhos (SP), um pé de mexerica anuncia a importância do verde naquele lugar. No quintal, um pequeno bosque é cultivado desde 1997. O professor de Física, quando não está na sala de aula, está cuidando das suas plantas. Ele ocupa 25% do terreno da casa com plantas como palmeira, amoreira, pés de xuxu, maracujá, além de ervas para temperos. Até a laje ganhou área verde.