O Brasil é apontado como o nono país do mundo mais atraente para investimentos em geração de energias renováveis, segundo o ranking Renewable Energy Country Attractiveness Index , da consultoria EY, que analisa o mercado de fontes limpas em 40 países. O ranking leva em consideração potencial de mercado, capacidade instalada, política setorial, cenário macroeconômico, infraestrutura e custo local de capital.
“Pela primeira vez o Brasil configura no top 10 do ranking, graças a algumas características positivas do mercado”, afirma Mário Lima, diretor de consultoria em sustentabilidade da EY. Segundo ele, há potencialidades brasileiras que vêm despertando o interesse de grandes investidores estrangeiros como o leilão de reserva energia solar, programado para o próximo dia 31 de outubro. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o leilão registrou 400 projetos de energia solar fotovoltaica, que totalizam 10.790 megawatts (MW) de energia.
“Além disso, o Brasil tem como meta aumentar de três para 12 megawatts a participação da energia eólica na matriz energética nacional nos próximos dez anos”, ressalta, mencionando que o anúncio de linhas de crédito com taxas atrativas por parte do BNDES e a curva de aprendizado das empresas que atuam no país também contribuem para beneficiar ainda mais o ambiente de negócios do país.
“A tendência é que com os investimentos feitos pelo governo, o preço da energia solar caia pela metade em quatro ou cinco anos”, afirma, frisando que por permitir uma instalação mais rápida, a energia solar passou a ser vista como principal alternativa no Brasil.
Entre os pontos negativos brasileiros, Lima menciona a burocracia, carga tributária e os problemas de infraestrutura e logística. Para o especialista, a política de conteúdo local, que obriga que 60% dos fornecedores da indústria sejam nacionais, precisa ser flexibilizado. “A indústria nacional ainda não domina certas tecnologias de geração de energia renováveis, exigindo mais tempo e investimentos para o desenvolvimento de projetos”, explica.
De acordo com Lima, apesar do grande potencial climático, a geração de energia solar ainda não deslanchou no Brasil porque falta realizar o mapeamento, com medição histórica, de locais com potencial para geração. Ele menciona que ainda não há clareza sobre o futuro da geração de energia solar no país. “Em breve teremos o primeiro leilão reserva, mas sem definição de metas, como foi estabelecido para a energia eólica, indicando o que se espera da fonte solar nos próximos dez anos”, diz.
Para o especialista da EY, há um grande potencial de negócios da geração de energia por biomassa de cana-de-açúcar. “O país precisa desenvolver novas tecnologias que diminuam os custos dessa fonte de energia, conferindo também mais eficiência a ela”, argumenta. Lima também aponta para a potencialidade existente no nicho das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), já que o país tem grande potencial fluvial. “Mas para essas alternativas avançarem é necessário desenvolver soluções de crédito para a geração distribuída de energia”.
Segundo Mário Lima, a China desponta no ranking da EY porque estabeleceu metas para limpar sua matriz energética e reduzir a emissão de poluentes, investindo muito em energia solar e eólica. Já os Estados Unidos estão atravessando um período de transição que visa tornar sua indústria mais competitiva, diminuindo os subsídios direcionados ao setor de energia. “Lá está em discussão a necessidade de mudança. Ao contrário do Brasil, a política energética é de competência dos estados e não do governo central e esse cenário de transição apresenta grandes oportunidade de negócios”, afirma.
Fonte: Ibralog