Sexta, 22 Novembro 2024

No Brasil há diversas tecnologias já desenvolvidas que poderiam ajudar o mercado de produção de combustíveis limpos a crescer, porém a falta de investimentos e informações dificulta o avanço nessa área. É o que discutiu o 4º Colloquium SAE BRASIL de Engenharia Verde na Mobilidade, em junho último.

Segundo Marcos Jank, chairman do colloquium e ex-presidente da Única, o Brasil tem uma boa trajetória de desenvolvimento de tecnologias em prol do álcool e do meio ambiente. “Esse encontro mostrou e falou sobre tudo o que já possuímos, o que está sendo desenvolvido e a viabilidade dessas novidades entrarem no mercado”, comentou.

O subsecretário de Energia do Estado de São Paulo, Marco Antônio Mroz, mostrou todos os benefícios do programa de inspeção veicular, que começou em 2007 na capital paulista. “Reduzimos as emissões de gases em 57%, e na saúde foram economizados R$ 39 milhões”, disse.

Rubens Maciel Filho, professor titular da Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), afirmou que São Paulo é referência mundial em fontes renováveis, por isso é preciso desenvolver processos verdes economicamente compatíveis, a exemplo dos fósseis. “O maior desafio é ter uma cultura de aceitação universal. É necessário aceitar que precisamos buscar energias renováveis”, frisou Maciel Filho.

Fernando Landgraf, diretor de Inovação do IPT, apresentou a possibilidade de extrair biodiesel do bagaço da cana por meio da gaseificação ou queima. Segundo o especialista, de 2005 a 2010 o consumo de etanol cresceu 5% ao ano. “Se continuarmos assim até 2020 precisaremos de 140 novas usinas para suprir a necessidade do mercado. Será preciso muito investimento, por isso precisamos encontrar novos meios de obter combustíveis limpos”, comentou.

O pesquisador da Embrapa Instrumentação, Paulo Cruvinel, falou sobre a importância do planejamento estratégico para uso inteligente de energia. Mostrou que a construção de modelo que possa olhar as perspectivas do setor da engenharia verde é um atalho aberto a oportunidades de negócios. Para o especialista, é necessário avaliar o todo, ver a economia dentro de uma nova visão. “O desafio é buscar, nas ações conjuntas com processos de articulação, modelos de gestão com metas de formas organizadas a fim de pensar em soluções em longo prazo”, afirmou.

Segundo Cruvinel, o setor de agronegócio é muito grande no Brasil e é o responsável pela geração de 7% dos empregos no País. “Ele não é mais um setor somente de alimentos, mas de fibras e energia, é muito grande e importante para o nosso mercado”, comentou.

O consultor técnico de pesquisa e desenvolvimento da Mahle Metal Leve, Eduardo Tomanik, comentou sobre a produção de etanol no País e disse que alguns países crescem e desenvolvem o seu mercado e o Brasil precisa se atentar mais a isso. “Não estamos dando atenção correta a esse problema, corremos o risco de, em breve, começarmos a importar tecnologias para a produção do etanol, precisamos desenvolver mais pesquisas”, observou.

Segundo Tomanik é possível desenvolver motores que emitam menos poluentes com soluções mais simples e mais baratas do que os carros elétricos. Acredita que os motores puramente elétricos não serão mais do que 5% nos próximos anos, e que os motores de combustão interna queimando biocombustíveis têm mais vantagens e vão crescer. “Eles têm menos emissão de CO2 do que um puramente elétrico”, afirmou.

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