O Projeto Mantas do Brasil, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, participará da elaboração de políticas públicas para a conservação das raias-mantas no País. Também conhecida como raia-jamanta, a espécie é um dos maiores peixes do mundo e está ameaçada de extinção. As medidas serão integradas ao Plano Nacional de Ação para os Tubarões Ameaçados de Extinção, que engloba tubarões, raias e quimeras, a ser criado por iniciativa do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O plano tem como objetivos planejar metas e ações para os próximos cinco anos, visando à recuperação, manejo e conservação destes animais no litoral brasileiro. Também farão parte do trabalho pesquisadores do Instituto Laje Viva, do qual o projeto faz parte, e do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul, do ICMBio, entre outros especialistas.
Neste mês, a International Union for Conservation of Nature, que classifica o risco de extinção das espécies, formalizou a existência de duas espécies de raia-manta, Manta alfredi e Manta birostris, incluindo-as na lista vermelha de animais ameaçados, como vulneráveis ao risco de extinção. Deste modo, a Manta birostris, estudada no litoral brasileiro e antes reconhecida na lista como "quase ameaçada", já subiu uma categoria nesta classificação. A publicação é resultado de pesquisas mundiais que, para a América do Sul, tiveram a participação do Projeto Mantas do Brasil, realizado pelo Instituto Laje Viva, em parceria com a pesquisadora Andrea Marshall, que realiza estudos em Moçambique, na África.
A partir da seleção para o Programa Petrobras Ambiental, o projeto conduziu estudo inédito sobre as raias-mantas ao sul do Oceano Atlântico, através de monitoramento via satélite. Com isto, foram obtidos dados importantes sobre o comportamento e os riscos enfrentados pela espécie, como a pesca ilegal. No Brasil, é encontrada a espécie Manta birostris, que aparece uma vez ao ano, no inverno, no litoral de Santos, em São Paulo. Através do mapeamento da distância e profundidade alcançada pelo peixe, a equipe do projeto, dentro da área do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, conseguiu identificar 73 raias-mantas e registrar pontos de captura ilegal do peixe por pescadores em regiões próximas ao parque marinho. Através deste estudo, também foi possível o registro de um tubarão conhecido como Mangona (Carcharias taurus), do qual não se tinham registros oficiais há 20 anos na região. Como a população de tubarões no litoral da região caiu em torno de 90%, o estudo proporcionou ainda o redescobrimento deste animal e a importância da preservação do parque marinho.