Quinta, 21 Novembro 2024

Durante quase quatro séculos as baleias francas, que frequentam a costa brasileira, sofreram com a ação de caçadores. Por ser bastante dócil, a espécie era alvo fácil e quase foi extinta. Nos últimos anos, porém, esse quadro vem se modificando. Devido a trabalhos como o do Projeto Baleia Franca (PBF), que há 29 anos pesquisa e monitora os hábitos desses animais, a espécie está se recuperando. E os resultados de tanta dedicação são percebidos nos números: hoje há 670 francas catalogadas no Brasil, o dobro do que havia há oito anos, e essa recuperação também pode ser observada em outras áreas de ocorrência da espécie.

"Há 15 anos eram de sete a oito mil baleias no Hemisfério Sul e hoje nós temos 13 mil baleias, ou seja, quase o dobro", conta Paulo Flores, Biólogo Instituto Chico Mendes.

Para complementar os trabalhos de pesquisa, a equipe do PBF está realizando um projeto inédito: pela primeira vez, no Brasil, os pesquisadores usaram hidrofones para gravar os sons que as baleias usam para se comunicar debaixo da água, principalmente para registrar a comunicação entre mães e filhotes.

Foto: Paulo Flores

Mãe e filhote no litoral catarinense

“Nesta época, fim da temporada reprodutiva, as francas começam a se preparar para a migração às áreas de alimentação próximas à Antártida, e a comunicação entre mães e filhotes é fundamental para a manutenção da proximidade entre eles uma vez que o filhote depende da mãe para sua sobrevivência até chegar ao destino”, explica a bióloga e diretora Projeto Baleia Franca, Karina Groch.

O estudo é uma parceria entre o Projeto Baleia Franca, a Universidade da Pensilvânia (EUA), universidades brasileiras (UFSC e UFRN), além do Centro de Mamíferos Aquáticos/ICMBIO. "Esse estudo é importante para que a gente possa compreender como as francas se comunicam em um ambiente com pouco ruído subaquático, porque os pesquisadores sabem que nos Estados Unidos as francas estão tendo dificuldade de se encontrar em função da poluição desse habitat e, consequentemente, isso afeta a reprodução”, finaliza Groch.

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