Segunda, 06 Mai 2024

O internauta do Portogente vai conhecer o início da luta ambientalista no Brasil, que começou no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Porto Alegre, por um dos seus agitadores. Gert Schinke tem 55 anos de idade e há 37 anos é ecologista autodidata. Residente em Florianópolis (Santa Catarina), Schinke, que já foi vereador de Porto Alegre, preside o Instituto Para o Desenvolvimento de Mentalidade Marítima e é membro do Movimento Saneamento Alternativo.

Nesta primeira parte da entrevista, o gaúcho Schinke fala da criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiental Natural (Agapan), na década de 1970.

Portogente – Como se deu inicialmente a luta em defesa do meio ambiente no Brasil?
Gert Schinke –
É preciso identificar melhor os diferentes períodos: até os anos 1970; dos anos 1970 até 2000; e o que ocorre na década atual. Até os anos 70, havia pouquíssimas entidades, todas voltadas a questões pontuais (sobre fauna, flora e parques, por exemplo), nenhuma de caráter claramente eco-político que enveredasse na superestrutura institucional e política. Sequer havia as chamadas entidades “guarda-chuvas”, as federativas de âmbito regional e alguma confederativa de âmbito nacional. Depois da década de 1970, impulsionado pela fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), que teve entre seus fundadores o já falecido José Lutzenberguer, o movimento ecológico cresceu exponencialmente. Surgiu o “Manifesto Ecológico Brasileiro”, com redação do Lutz, um dos textos mais referenciais. Éramos “uma dúzia de gatos pingados”, mas nosso discurso fazia eco junto à população que começava a sofrer as mazelas da poluição, do desmatamento, da falta de proteção às águas e reservas naturais.


Para Schinke, maior potencial crítico ao sistema capitalista, hoje, vem do movimento ambientalista

Portogente – Em que período começou e quais eram as bandeiras?
Minha militância começa em 1975 quando me filiei à Agapan, em plena luta contra a ditadura militar. Ao mesmo tempo, atuava no movimento estudantil, fazendo uma ponte entre os dois movimentos sociais. A maior luta, à época, se deu contra a Borregaard, fábrica de celulose no rio Guaíba, cuja fedentina atormentava Porto Alegre e região.

Portogente – De lá para cá como essa luta evoluiu?
O movimento cresceu em tamanho e influência política, mas nem sempre acompanhado de qualidade e objetividade. Nos anos 1990, assistimos a uma enorme fragmentação, resultante da especialização trazida para o debate, combinado com as ingerências políticas de toda ordem. São poucas as entidades ecológicas que ainda conservam uma postura de atuação ampla, voltada à economia, à gestão do Estado, às políticas públicas conexas às questões ambientais, como saneamento e saúde, entre outras. Hoje o debate sobre meio ambiente requer ênfase nas questões econômicas, da energia, da produção, das tecnologias, numa dimensão que tem a política como elo comum. Essa visão é pouco compreendida, e até mesmo combatida pelos que querem ver o movimento ecológico ausente do debate sobre o modo de desenvolvimento e das decisões dos governos. Hoje, o maior potencial crítico ao sistema capitalista provém do movimento ecológico, fato que ocorre no mundo todo em função do desgaste dos partidos políticos.

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