O Coordenador do Programa de Empregos Verdes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Brasil, Paulo Muçouçah, conversou com Portogente sobre a política de estímulo à criação de “empregos verdes” nas indústrias e na agricultura do País, e como essa questão é tratada nos casos das hidrelétricas Belo Monte (Pará) e Jirau (Rondônia).
Portogente – A OIT tem algum trabalho direcionado para as grandes indústrias para estimular a criação dos empregos verdes?
Tem, e uma das linhas do programa é “Verdear as empresas nos processos de produção”. É basicamente conter o uso de recursos naturais, de energia nos processos produtivos e promover a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos, buscando reduzir e eliminar a geração de resíduos.
Coordenador da OIT quer mais "empregos verdes" nas produções
agrícolas do País
Portogente – Em relação ao agronegócio a OIT consegue estimular a criação dos empregos verdes no Brasil que é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo?
Certamente estimulamos a utilização de menos agroquímicos, incentivando a produção da agricultura orgânica. No caso do agronegócio o cálculo que se faz é em relação à produtividade da terra, ou seja, o que se desperdiça dos recursos naturais em geral como solo, água, erosão.
Portogente – No Brasil existe a perspectiva de fazer essas pesquisas, como fica agora com a discussão do novo Código Florestal?
Acompanhamos o debate do novo Código Florestal, mas nosso diálogo com os órgão do governo é no sentido de permitir a exploração econômica da floresta em pé, em moldes sustentáveis. Mantemos um programa junto com o Serviço Florestal Brasileiro onde incorporaram alguns critérios trabalhistas nos processos de licitação das concessões florestais e trabalhamos em conjunto com o setor madeireiro da Amazônia no sentido de adotar padrões decentes, como eliminar o trabalho forçado. Ou seja, tornar decente o trabalho que já é verde desde que sejam legalizados e respeitem critérios de manejo.
Portogente – Na questão de Belo Monte e Jirau, como conciliar o conceito de empregos verdes?
Do ponto de vista da energia hidrelétrica, consideramos que são energias renováveis, mas o impacto da construção das usinas repercute negativamente no aspecto ambiental e social (como o deslocamento das populações). A primeira proposta que temos é de evitar o consumo excessivo de energia, tornar mais eficiente o seu uso para evitar a construção de obras que tem esses impactos. A energia elétrica a partir de hidroeletricidade tem um impacto muito menor do que a produzida por carvão na China ou termoelétricas que são utilizadas no mundo inteiro. E tudo isso depende claro, da realidade de cada país.