Foto: Vera Gasparetto
O modelo agrícola brasileiro e a discussão sobre a reforma do Código Florestal têm levantado muita polêmica, entre ambientalistas, grandes e pequenos produtores. Portogente conversou com Eliane de Moura Martins, do movimento Via Campesina do Rio Grande do Sul. Ela afirma que a alteração do Código Florestal é para avançar a fronteira agrícola do agronegócio para a região amazônica e o cerrado.
“A proposta de alteração no Código é para facilitar a vida do agronegócio. A preocupação não é com os pequenos agricultores que têm que adequar suas áreas, mas sim que avance a fronteira agrícola do agronegócio”.
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Para ela, o desenvolvimento econômico em curso no Brasil é o modelo que o sistema tem de reproduzir a lógica do lucro, criando um mercado que se renove e recolocar necessidades novas e novos produtos, que não são necessariamente as humanas. “São criadas necessidades simbólicas. Esse tipo de indústria e tecnologia necessita cada vez mais de energia, seja de petróleo, hidrelétricas. Nós temos necessidade de desenvolvimento e tecnologia, mas para o bem comum, respeitando a natureza”.
A questão alimentar para atender as necessidades de toda a população é fundamental para a integrante da Via Campesina. “Quem consegue fazer esse debate e consumir de modo consciente é uma classe média esclarecida e com condições. A classe trabalhadora consome o que é mais barato, dentro do que permite seu orçamento, uma alimentação equivocada. Esse modelo agrícola organizado pelo agronegócio faz parte do processo do lucro, das commodities, das bolsas de valores, mas com um custo social e ambiental elevadíssimo”.
E prossegue: “nós somos o País que consome o maior número de litros de agrotóxicos por habitantes (5,2) no mundo. Essa forma de produzir alimento em nome de matar a fome e resolver o problema do abastecimento é na verdade para produzir a soja e o milho, vendidos no mercado de valores e nem um pouco preocupado em resolver a fome no mundo”.
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