Sexta, 19 Abril 2024

Na semana em que o Código Florestal poderá ser votado pela Câmara dos Deputados, o coordenador geral do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, fala ao Portogente sobre a importância do País dar maior atenção à agricultura familiar e critica a postura do Ministério da Agricultura de estar voltado totalmente para os interesses do agronegócio, “que é uma agricultura sem agricultores”. Defende, ainda, a mudança da diretoria da Embrapa que foi apoderada pelo agronegócio.

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Portogente – Falar sobre segurança alimentar no Brasil é tratar da produção no âmbito do agronegócio x agricultura familiar?

João Pedro Stédile – No Brasil há uma luta permanente entre dois modelos de produzir alimentos. De um lado os capitalistas com um modelo que não produz alimentos, mas commodities, que tem como objetivo o lucro e exportar. Do outro tem a agricultura familiar camponesa que produz alimentos saudáveis. Esses dois modelos estão em choque permanente na nossa sociedade, quando debatemos o código florestal e o que produzir. Notem que 70% das áreas agricultáveis do Brasil se dedicam a soja, milho e cana. Viramos reféns da vontade do capital.

 

Portogente – Qual a diferença entre as ideias de soberania alimentar e segurança alimentar e como entra o debate dos agrotóxicos?

Segurança alimentar é mais reduzido, apenas garante que as pessoas do território possam comer. A soberania alimentar significa que o povo tem o direito e dever de produzir seus alimentos e não ter que esperar que o governo, através de uma bolsa-família. O outro debate é sobre os agrotóxicos, porque o agronegócio que produz commodities só consegue produzir com veneno. E veneno mata o solo, contamina a água e os alimentos e mata as pessoas devagarzinho.

 

Portogente – E qual deveria ser o papel do Ministério da Agricultura na condução de uma política agrícola que atendesse a soberania alimentar?

O Ministério da Agricultura é voltado para o agronegócio e o Ministério do Desenvolvimento Agrário para a agricultura familiar. O ideal é que tivéssemos um Ministério preocupado com a produção de alimentos saudáveis e que protegesse os agricultores. O agronegócio é uma agricultura sem agricultores, o fazendeiro não é um agricultor, ele não entende nada de agricultura. O que ele tem é o capital e contrata peão, máquina, compra veneno e quer o lucro.

 

Portogente – Em relação à Embrapa e as constantes críticas de que está vinculada ao agronegócio?

A Embrapa foi apoderada por uma visão do agronegócio. Dissemos ao governo Dilma que deve ser mudada a diretoria da Embrapa para que tenha uma nova concepção e coloque em primeiro lugar a soberania alimentar, alimentos saudáveis e que faça as pesquisas para potencializar os biomas brasileiros para produzir alimentos em cada região. Hoje a Embrapa destina 13% dos seus recursos para a agricultura familiar e 87% para o agronegócio, que defende o mercado. Acredito que devem ir fazer pesquisa na Monsanto, na Bunge.

 

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