Fotos: Raquel Júnia - EPSJV/Fiocruz
As empresas acionistas da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), a alemã Thyssenkrupp e a brasileira Vale, só terão a licença definitiva do empreendimento localizado no município de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, depois que forem mensurados os impactos sociais e ambientais e que medidas serão adotadas para reduzir o impacto da poluição do ar e da água na região. A promessa foi feita a uma comissão de moradores e pescadores artesanais da região e técnicos na área de saúde em audiência com representantes da Secretaria Estadual de Ambiente (SEA), do Rio de Janeiro.
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Os moradores foram recebidos pela SEA depois de um protesto que fizeram em frente à sede da Secretaria, na capital fluminense, no dia 25 último, para denunciar os problemas que estão sofrendo depois que a siderúrgica iniciou a sua produção.
“Devido à urgência do caso, já que estavam prestes a conceder a licença definitiva para a CSA, resolvemos fazer um ato e não marcar uma audiência com o secretário”, afirmou Rodolfo Lobato, morador de Santa Cruz. Ainda de acordo com o morador, além da suspensão da licença definitiva, ficou acordado que haverá uma audiência pública em Santa Cruz com a presença do secretário de Meio Ambiente, Carlos Minc. No dia 2 de março, será entregue à Secretaria uma lista de questionamentos que deverá ser respondida antes da audiência, ainda sem data definida.
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na região e pedem atitude das autoridades do Rio de Janeiro
Desde que a CSA entrou em operação, aumentou o índice de problemas respiratórios e dermatológicos. O pescador Jaci Nascimento conta que escolheu morar em Santa Cruz, na década de 1970, por acreditar que o local teria um ar mais limpo e seria ideal para se recuperar de um problema do pulmão. Além de estar sem trabalho devido à poluição, o problema respiratório do senhor Nascimento voltou após 20 anos. “Hoje temos que conviver com esse veneno, com a poluição deste monstro que está aqui do nosso lado. Desde quando começaram a jogar esse pó em cima, eu tenho que ir sempre ao médico”.
A Companhia Siderúrgica do Atlântico iniciou suas operações em junho de 2010 e é fruto da parceria entre o grupo alemão ThyssenKrupp e a brasileira Vale. Desde então, a indústria está expelindo uma fuligem durante a fabricação do aço. A CSA afirma que as emissões não prejudicam a saúde. No entanto, a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade do Estadual do Rio de Janeiro realizaram exames médicos em moradores de Santa Cruz e verificaram fortes indícios do impacto à saúde gerado pela CSA.