O coordenador do Instituto Mangue Vivo, Paulo Douglas, de Florianópolis (em Santa Catarina), falou ao PortoGente que acompanha com muita preocupação a polêmica que envolve o estaleiro do empresário Eike Batista. Douglas destaca que a empresa OSX, por força de lei, deve apresentar áreas alternativas para a instalação do estaleiro.
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PortoGente - A ONG Mangue Vivo tem acompanhado a polêmica ambiental sobre o projeto de instalação do estaleiro da OSX em Biguaçu?
Paulo Douglas – Com muita atenção e preocupação. Já temos acesso ao EIA-Rima e estamos avaliando o grau de impacto que o empreendimento pode causar ao meio ambiente. Não somos contra o projeto, mas antes de dar um parecer favorável devemos analisar com mais profundidade, ouvindo outros técnicos e a sociedade.
PG - O ICMBio liberou um primeiro parecer contrário, apontando graves problemas que inclusive levaram a empresa a pensar em outras alocações. Qual a opinião da Mangue Vivo sobre isso?
Paulo Douglas - Por força de lei, a empresa é obrigada a projetar mais de uma opção de área para instalação de empreendimentos desse porte. Entendemos que outras áreas devam ser avaliadas, porém não podemos desconsiderar que no local escolhido haverá impacto na água, pois a área em terra já está bastante degradada pelo homem. O manguezal ali existente já foi suprimido em grande parte. Ainda resta uma parte considerável que vamos defender sua preservação a todo custo caso o empreendimento seja licenciado.
Clique na imagem para visualizar uma projeção de onde
o estaleiro de Eike Batista seria instalado no Sul do País
PG - A ONG Mangue Vivo faz parte do Conselho Deliberativo da Unidade de Conservação de Carijós, isso leva a um grande conhecimento dessa reserva. Que tipo de impactos a instalação do estaleiro poderia vir a causar na área?
Paulo Douglas - A maior preocupação é o monitoramento a ser implantado caso seja licenciado o estaleiro. Os manguezais da região da Grande Florianópolis já são em sua maioria atingidos pela degradação. No caso do estaleiro, o impacto direto será o da proximidade. Outra preocupação é o óleo que essas embarcações de grande porte podem trazer a esse ecossistema.