O rótulo de “porto verde” e de empreendimento preocupado com a gestão ambiental portuária deixa usuários e investidores com um pé atrás, por acreditarem que esse tipo de iniciativa torna as operações portuárias mais caras. Foi o que confidenciou o vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente do Porto de Long Beach (EUA), Mario Cordero. Importante braço econômico de Los Angeles e um dos portos mais movimentados da América do Norte, Long Beach desenvolve programas de incentivo à redução da emissão de gases poluentes ao ar e à água. “Nenhuma Autoridade Portuária gosta de dizer que é um porto verde porque logo se imagina que [a operação] vai custar muito mais caro”.
Cordero mostrou como é viável a inserção de portos em iniciativas ecologicamente corretas durante a I Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária, realizada em Foz do Iguaçu (PR). Na visão do comissário do porto norte-americano, promover a sustentabilidade nos portos é possibilitar a continuidade dos negócios portuários, aumentando as chances de sucesso em longo prazo.
Ele lembrou, também, a responsabilidade que os portos públicos têm com os seus acionistas – que são os contribuintes. “A população distingue um empreendimento público como líder da qualidade ambiental. É preciso envolver e educar a comunidade. Nós temos que mostrar a importância do Porto e também da preservação ambiental”.
Um das principais preocupações da direção do Porto de Long Beach é com a emissão de gases poluentes de caminhões ultrapassados e em péssimo estado de conservação. Desde o ano passado, caminhões fabricados antes de 1988 estão proibidos de circular na zona portuária. A partir de 2012, os veículos construídos no ano de 2006 ou mais antigos serão vetados. “Não podemos permitir a circulação desses caminhões velhos e que prejudicam a qualidade de vida da população”. Desde meados desta década, o porto norte-americano tem anunciado que suas iniciativas já têm resultados efetivos.
No principal porto da América Latina, o de Santos (SP), a circulação de veículos velhos e até caindo aos pedaços não é novidade. Conforme já mostrou um ensaio fotográfico de PortoGente, a precariedade de parte da frota de caminhões que entram e saem do porto santista chega até a assustar. A iniciativa adotada pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) para reduzir a movimentação desse tipo de veículo foi firmar com o Ministério Público do Trabalho (MPT), em maio de 2006, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com objetivo de inibir o tráfego desses caminhões. No entanto, ao circular pelas ruas e avenidas de Santos, é possível constatar que o TAC ainda não surtiu efeito na prática nas vias de acesso ao cais.