Quinta, 21 Novembro 2024

Um ano depois de ter sido divulgado com pompa pela empresa LLX, o projeto Porto Brasil está suspenso por tempo indeterminado e deixou a sensação de frustração na população de Peruíbe (SP). Para diminuir este vazio e mostrar que a situação ainda pode ser revertida, a comerciante Claudete Andreotti teve a idéia de abrir o site Volta Porto Brasil e reunir nele o maior número de assinaturas de pessoas que defendam o empreendimento de R$ 6 bilhões.

 

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Em entrevista ao PortoGente, ela explica que tomou a decisão por não conseguir entender o radicalismo do que se colocam contra a chegada do porto. Claudete também pensa que esta é uma das raras oportunidades de Peruíbe sair do ostracismo econômico. “Hoje nossa cidade não possui capital de giro, sofre com a má distribuição de renda, onde poucos têm muito e muitos estão com pouco ou nada. Os índios não são os verdadeiros donos daquelas terras”.

 

Apesar de trabalhar atualmente como comerciante, Claudete Andreotti é pedagoga formada pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e mora em Peruíbe há quatro anos, cidade que adotou ao tomar a decisão de fugir da violência cada vez mais crescente da Capital paulista. Confira abaixo a entrevista completa.

 

PortoGente: Por que você criou o site Volta Porto Brasil?

Claudete Andreotti: Tive a iniciativa de criar o site após receber uma ligação de um dos diretores da LLX informando-me que o Porto Brasil não mais iria se instalar em Peruíbe, pois a prefeita [Julieta Omuro] não teria tido interesse em mudar o Plano Diretor da respectiva área. Este mesmo diretor apontou outro motivo, que foi a queda das bolsas e a crise econômica mundial, que teve um reflexo negativo nos investimentos programados pela empresa.

 

PortoGente: O que a leva a defender o Porto Brasil?

Claudete: O cenário atual de Peruíbe, onde temos um índice alto de desemprego. Hoje nossa cidade não possui capital de giro, sofre com a má distribuição de renda, onde poucos têm muito e muitos estão com pouco ou nada. Aqui temos também a depreciação dos imóveis e omissão de informações do Poder Público.

 

PortoGente: Omissão de informações inclusive sobre o porto?

Claudete: Sim, pois eu fui tentar colher informações das autoridades sobre o Porto Brasil e chegaram a me dizer que não sabiam de absolutamente nada sobre o assunto. Foi a partir daí que procurei a DTA Engenharia, que me colocou em contato imediato com diretores, assessoria de imprensa e até mesmo advogados da LLX. Aí percebi a seriedade do assunto.

 

PortoGente: Como era o seu contato com a LLX?

Claudete: Eles se propuseram a fazer reuniões todas as terças-feiras em uma das salas que tenho no meu prédio, bem no Centro de Peruíbe. Essas reuniões eram com pequenos grupos de pessoas, no máximo 30. Participaram os presidentes de associações de bairros, engenheiros, empresários e pessoas comuns. Ao todo foram nove reuniões, das quais as pessoas saíram satisfeitas com as informações. Ou seja, nesta história, eu fiz o papel que a prefeita e os vereadores não fizeram.

 

PortoGente: Mas Peruíbe não tem como se desenvolver sem o porto?

Claudete: Não. Nesta Cidade o desemprego é gigantesco. Peruíbe não tem turismo como em vários lugares do país, não há interesse dos políticos em fazer com que Peruíbe seja semelhante a Fernando de Noronha, Abrolhos, Gramado, Campos do Jordão, enfim, cidades que dependem do turismo o ano todo e não de maneira sazonal. Os moradores necessitam comer e pagar suas dívidas o ano todo. Com a vinda do porto, não só o porto, mas o que ele vai trazer, que são as empresas não-poluentes, os shoppings, os hipermercados, tudo isso iria mudar.

 

PortoGente: Os ambientalistas dizem que o porto acabaria com a região. Eles não estão certos?

Claudete: Os ambientalistas estão cumprindo o papel deles, mas eu vejo isso da seguinte maneira: 200 anos atrás, quando foi instalado o Porto de Santos, não havia as licenças ambientais, não havia o avanço tecnológico que hoje existe. Os ambientalistas são obcecados pelo velho porto e por isso tomam como referência o Porto de Santos, algo que não deveriam fazer, afinal hoje a realidade é oposta de 200 anos atrás.

 

PortoGente: Em que sentido a realidade é diferente?

Claudete: O Porto de Santos está numa área restrita, é um porto obsoleto que ainda depende da lua para que a maré suba e o navio possa atracar. Mas, só falam nele por aqui. Ao abordarem o Porto Brasil, os ambientalistas não tomam como referência portos modernos como Vancouver, Roterdã, Yangshan e outros. Temos que nos espelhar no que há de mais moderno, não em Santos. Se deixarem, o Eike Batista irá provar aos moradores que se pode agregar progresso e natureza.

 

PortoGente: E os índios? A Aldeia Piaçaguera reivindica a posse da área.

Claudete: Os índios não são os verdadeiros donos daquelas terras, tampouco as mesmas poderão ser demarcadas. Os índios foram remanejados para aquela área devido a um conflito que houve na Aldeia do Bananal, conflito este religioso. Não tenho dúvidas de que, se o porto não sair, a área simplesmente será invadida por mais e mais pessoas. Talvez seja este o progresso que os ambientalistas e as ONGs estejam almejando para Peruíbe.

 

PortoGente: Quais seus próximos passos com o site?

Claudete: Além dele, estamos organizando um abaixo-assinado nos bairros com maior concentração de pessoas de Peruíbe, que são o Caraguava, a Vila Erminda, o Veneza, o Centro e o Jardim Ribamar. Tenho o objetivo de atingir um milhão de assinaturas para poder brigar com quem defende o atual modelo portuário e se coloca como a pedra no sapato de Eike Batista. Até brasileiros que residem nos Estados Unidos também assinaram.

 

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