Na última sexta-feira, PortoGente veiculou reportagem destacando os alarmantes níveis que a poluição alcançou em regiões portuárias. O transporte por terra, mar e ar é responsável por um quarto da emissão mundial de dióxido de carbono (CO2). Nesta segunda parte da matéria, confira o desperdício de óleo diesel em território brasileiro e o exemplo internacional no incentivo à renovação da frota de transportes e ao mercado de crédito de carbono.
A idade média dos caminhões que circulam no Brasil é de 17 anos
As rodovias brasileiras em péssimo estado para o tráfego, especialmente as instaladas nas regiões Norte e Nordeste, contribuem de forma impactante para a emissão de poluentes. E não são poucas as que precisam de investimentos. A Confederação Nacional de Transporte (CNT) concluiu que mais de três quartos das rodovias brasileiras apresentam problemas, sendo que ao menos 10% delas são consideradas péssimas. Assim, não são poucas as estradas que necessitam de reformas para contribuir com a redução de poluentes na atmosfera.
Óleo diesel
Combustível veicular mais utilizado no Brasil, o óleo diesel acaba sendo desperdiçado pelo péssimo estado dos veículos e das rodovias brasileiras. E para suprir a demanda interna, o País importa boa parte do combustível. Para reverter o quadro, é necessário ter mais eficiência energética e economizar. Economizar, inclusive, é o nome de projeto do Conpet que tem como objetivo, em um prazo de dois a cinco anos, reduzir em cerca de 13% o consumo de óleo diesel. A frota nacional de veículos consome mais de quatro bilhões de litros de óleo diesel por ano e corresponde por 78% do consumo de óleo diesel no Brasil.
Exemplo internacional
As autoridades dos portos norte-americanos de Los Angeles e Long Beach resolveram arregaçar as mangas e criar incentivos para a redução da emissão de dióxido de carbono nas regiões nas quais estes portos estão instalados. Para isso, os portos estão encorajando terminais, armadores e operadores logísticos a substituírem os principais combustíveis poluidores por fontes limpas de energia, como a eletricidade.
Além disso, Los Angeles tem ganhado destaque na mídia internacional devido ao seu Clean Truck Program. O projeto proporcionou a abertura de uma linha de financiamento para as montadoras renovarem a frota de caminhões e adquirirem equipamentos mais modernos para as carretas. O porto norte-americano já conseguiu envolver, até este mês de outubro, mais de 300 transportadoras e enxerga em médio prazo uma melhoria significativa na qualidade do ar na região.
Crédito de carbono
Outra forma de incentivo à redução da emissão de CO2 é o mercado de crédito de carbono. Embora ainda incipiente no Brasil, os créditos já são bastante utilizados em países desenvolvidos como a Alemanha e a Austrália. O mercado de carbono funciona sob as regras do Protocolo de Kyoto, no qual figuram mecanismos de flexibilização para auxiliar na redução das emissões de gases do efeito estufa. O acordo estabelece limites de emissão de gases e, assim, uma empresa que conseguiu emitir menos CO2 do que o estipulado no documento pode vender os seus créditos para outra empresa que poluiu mais do que deveria, gerando um equilíbrio e formando um atrativo financeiro para a diminuição da poluição.
A comercialização acontece por meio de certificados de emissão de gases do efeito estufa em bolsas de valores. Dessa forma, os países desenvolvidos que têm que cumprir compromissos de redução da emissão desses gases podem comprar créditos derivados dos mecanismos de flexibilização. Esse processo de compra e venda de créditos se dá a partir de projetos, que podem ser ligados a reflorestamentos, desenvolvimento de energias alternativas, eficiência energética e controle de emissões de gases poluentes.
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