Quinta, 21 Novembro 2024

O alerta está dado e vem de uma fonte especializada no tema. De acordo com o professor universitário Fábio Giordano, coordenador do Projeto EcoManage da Universidade Santa Cecília, o nível do mar deve subir 33 centímetros até 2100. E se o homem não cuidar do meio ambiente como deve, este estrago pode atingir até 1,5 metro, o que mudaria completamente a rotina de operações no Porto de Santos.

 

Além de projetar o futuro, Giordano falou dos problemas atuais do cais santista em relação ao litoral paulista. Durante um seminário realizado na Unisanta, o professor explicou porque há um altíssimo nível de coliformes fecais pairando no canal do estuário, o mesmo usado pelos navios que entram no Porto de Santos. “O alto nível de bactérias deve-se ao esgoto urbano despejado no estuário, por incrível que pareça”.

 

Ou seja, cada vez mais se torna necessária a retirada dos moradores que se equilibram em palafitas às margens do maior porto da América Latina, como nas áreas da Prainha e Conceiçãozinha, em Guarujá, onde uma rede encanada de esgoto não passa de um sonho impossível de ser realizado, até mesmo pelo fato das áreas serem consideradas naturais e invadidas pelo homem. Leia mais na entrevista de Giordano.

 

PortoGente: Qual a contribuição das operações portuárias de Santos e Guarujá para a série de problemas ambientais da região?

Fábio Giordano: Hoje o maior problema não é a operação portuária propriamente dita, mas sim a problemática referente à logística que ela gera. Entre 2009 e 2020, a capacidade de operação portuária se esgotará e as ampliações no Porto serão necessárias. Neste sentido, um grande impacto ambiental nos manguezais poderá ou não ocorrer, dependendo dos cuidados ambientais com as obras.

 

PortoGente: Há como evitar um desastre ambiental em Santos?

Giordano: Se houver planejamento, o impacto pode ser minimizado. Temos um exemplo na modificação que recentemente sofreu o projeto da expansão portuária da Embraport. Agora, ele passou a ocupar a metade do terreno originalmente previsto, preservando-se grandes áreas de restinga e de manguezal. Tudo feito absolutamente dentro da lei, com consultas a população por meio das audiências públicas, bem como o apoio de uma consultoria técnica altamente qualificada.

 

PortoGente: As empresas do setor portuário tentam minimizar os problemas ambientais?

Giordano: Algumas  empresas já se mobilizam para utilizar o ambiente de forma sustentável, o que é uma atitude já considerada louvável. Como exemplo, podemos citar o desenvolvimento do Projeto Mangue Limpo pela Dow Brasil na parte do porto, localizado no Guarujá. Outras empresas vêm investindo também na área de logística, como é o caso da Ecovias e das concessionárias de estradas de ferro.

 

PortoGente: E há debates para que essas idéias sejam difundidas?

Giordano: Sim, mas poderíamos ter mais. Algumas idéias interessantes sobre logística foram trazidas durante o segundo Megapolo, realizado em Cubatão em maio. Lá, falou-se na proposta de construção de um álcoolduto e de uma correia transportadora direto do planalto para os terminais de embarque. Sem dúvida, o aumento de eficiência da carga e descarga vai gerar menos necessidade de novos espaços e maiores áreas de manguezais serão preservadas. Assim, por exemplo, não precisaríamos de tantos pátios de estacionamento para caminhões.

PortoGente: O empresário já tem essa consciência ou o lucro fala mais alto?

Giordano: Hoje, os empresários que não se conscientizarem da necessidade de cuidados ambientais terão um grave problema com relação a aceitação de sua marca no mercado internacional. O selo verde e as ISO ambientais, como a ISO 14000, são fatores que agregam valor aos produtos transportados pelos portos do mundo.


PortoGente: O que será do Porto de Santos e da Ilha de São Vicente daqui a 100 anos?

Giordano: Na versão mais otimista, o nível dos oceanos deverá subir em 100 anos cerca de 33 centímetros, na média. Esse aumento pode gerar algum tipo de alagamento em vias ou em algumas áreas retroportuárias topograficamente mais baixas. A versão mais pessimista, onde o homem nada fará para minimizar o efeito estufa, pode gerar estragos maiores, com o nível do mar subindo até 1,5 metro, segundo estudos da Universidade de São Paulo.
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