No mesmo dia em que as centrais sindicais brasileiras promovem manifestações em várias capitais do País, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, é recebido, nesta quarta-feira (28/01), pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para apresentar um estudo que mostra o peso dos impostos na indústria de transformação brasileira.
Com base em dados oficiais da Receita Federal, a Firjan critica a carga tributária no setor, calculada em 45,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB). “[Isso] significa que quase metade de tudo que é produzido pelo setor é direcionada para o pagamento de tributos", diz o estudo. Segundo a entidade empresarial, a indústria tem a mais elevada carga tributária entre todos os setores, "praticamente o dobro da incidente sobre a atividade produtiva como um todo”.
Vieira cumprimentou, ainda, o ministro pelas medidas adotadas na área econômica e aproveitou para falar sobre a “flexibilização da relação de trabalho com a terceirização da mão de obra”, que está em discussão no Congresso Nacional.
Na outra ponta da corda estão os trabalhadores contra as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, editadas no final do ano passado, que altera benefícios sociais, como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial, pensão por morte. Bastante indignado, o presidente da CUT, Vagner Freitas, faz questão de lembrar a promessa da então candidata presidencial Dilma Rousseff, em outubro último, de que “nem que a vaca tussa se mexerá nos direitos trabalhistas”. Para ele, o novo governo começa mal ao adotar medidas de ajuste fiscal que vão prejudicar os trabalhadores diretamente. E recorda: “O Brasil viveu um processo diferenciado no mundo não adotando políticas econômicas ortodoxas, fazendo o crescimento do mercado interno, gerando emprego, não seguindo o receituário do Fundo Monetário Internacional (FMI).”
Foto: Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo
Centrais sindicais fizeram ato na Avenida Paulista, em São Paulo, contra medidas do governo
Freitas explicou que as centrais não concordam com o que está sendo adotado e que é necessário, antes de qualquer medida, um processo de discussão amplo com a sociedade para saber qual ajuste deve ser feito. E citou: “Por exemplo, entendemos que deve ser feita a taxação das grandes fortunas, reforma tributária e tributar bancos que não pagam impostos.” Também está na pauta das centrais o debate sobre remessa de lucro, a alteração da taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) de 1% para baixo para estimular o crédito.
O presidente da CUT também criticou a ideia de que “acabou o espaço para se fazer uma política econômica de crescimento da oferta do crédito, de fortalecer o mercado interno”. E completou: “Não só queremos discutir isso, como ainda o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho sem diminuição do salário e a correção da tabela do Imposto de Renda (IR).”
As centrais sindicais prometem fazer mais barulho caso o governo não volte atrás das suas medidas.