“Não acho que compliance seja a saída para melhorar o comportamento das empresas”, afirma o economista e professor das Faculdades de Campinas (Facamp), Luiz Gonzaga Belluzzo, ao Portogente.
Compliance é um conjunto de medidas adotadas por uma companhia para fazer cumprir normas legais, regulamentares e para evitar desvios de dinheiro. No Brasil, a moda chegou a partir das leis anticorrupção, criadas durante o governo Dilma Roussef, responsabilizando as empresas por atos de corrupção contra a administração pública.
O professor Belluzzo não tem ilusões e acha que o indispensável mesmo é mudar a regra do jogo. “Essa relação promíscua entre as empresas e o Estado que existe há muito tempo. A maioria das áreas está tomada de carteis, frequentemente internacionais. É uma relação competitiva, mas formada por empresas de enorme participação no mercado, que têm influência no governo, no Executivo, no parlamento”.
O economista defende que só há possibilidade de avanço para conter as práticas corruptas das empresas com democracia e com a mudança do sistema político, por meio de uma Constituinte exclusiva. E dispara: “Não adianta alimentarmos fantasias e discutir perfumaria. É uma questão muito mais profunda sobre como vai se lidar essas formas mais avançadas de organização empresarial."