Se até um pouco mais de 60 dias atrás, as notícias colocavam o Brasil à beira de um precipício, nesta primavera os discursos já apontam para o paraíso, ou quase isso. Para corroborar o discurso governamental, o Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Governo Federal, afirmou, na última semana, que o ciclo recessivo iniciado no segundo trimestre de 2014 caminha para a estabilização. E ainda que a tendência é que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país, mostre mais uma queda no terceiro trimestre e, no quarto trimestre, já tenha um resultado, “senão positivo, já estável”, ou seja, pare de cair.
Embora o PIB do segundo trimestre tenha voltado a registrar retração, a análise do Ipea do ritmo de queda dos componentes do PIB, pelo lado da demanda e da oferta, e de outros indicadores de atividade, consegue identificar uma redução “bastante disseminada” desse ritmo de queda. É o caso, por exemplo, da produção industrial. O setor industrial teve avanço de 0,3% no segundo trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), interrompendo sequência de cinco quedas consecutivas, o que reflete a melhora no cenário da indústria ao longo de 2016.
Todavia, estão no horizonte imediato problemas ainda sem grandes soluções: o processo de desindustrialização ainda não estancado e o desemprego na casa dos 11%, sem indício de que será revertido. Ao governo e à sociedade se exige discernimento de que o novo nunca virá de práticas antigas ou que exijam do ser humano ainda mais sacrifícios ou exclusãod e qualquer espécie.
O Brasil ainda precisa fazer secar ou limpar suas feridas dos 388 anos de escravidão contra apenas 127 anos de regime republicano. Ainda vivemos um passado que nunca passou.