O setor portuário brasileiro tem discutido a pressão do mercado globalizado e a situação nos portos públicos do Espírito Santo mostra parte das razões dessa preocupação do empresariado nacional. Enquanto o porto de águas profundas é mantido submerso, vislumbra-se a ponta de um mega-iceberg de multinacionais.
Representantes da Prumo Logística SA, há dois meses, visitaram o Espírito Santo para apresentar a empresários o empreendimento, de R$ 13 bilhões, desenvolvido pela empresa em São João da Barra (RJ).
A Prumo é originária da LLX Logística SA, do empresário Eike Batista, que foi alvo de denúncias de crimes contra o mercado financeiro, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e formação de quadrilha, além de processos administrativos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Eike foi condenado a uma multa de R$ 500 mil por não ter divulgado informação relevante ao mercado durante negociações sobre o fechamento de capital da então LLX.
Controlada pelo EIG Global Energy Partners, fundo americano que atua nos setores de energia e infraestrutura, a Prumo inaugurou recentemente, em Porto do Açu (RJ), mais três terminais, dois deles para petróleo (T-Oil). O primeiro cliente será a Shell, que usará as instalações para escoar a produção de projetos do pré-sal adquiridos quando comprou a BG Group.
No Porto de Vitória (ES), a dragagem dos sete quilômetros do canal, custeada em R$ 120 milhões pelo Governo Federal, começou em agosto. Atualmente, a profundidade é de 11,4 m, com calado de 10,6 m e capacidade de carga máxima de até 40 mil toneladas por navio. Ao final do trabalho, a profundidade chegará a 14 m e a bacia de evolução terá 13,5 m. A quem servirão os investimentos e a vocação para o comércio exterior dos portos públicos do Espírito Santo?
Para o Porto Açu, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está montando relatório para o governo federal investir na malha ferroviária que atente aquele complexo industrial. Quando da inauguração dos novos terminais, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, disse que o governo pode elevar a taxa de retorno dos leilões de concessão de infraestrutura.
O retorno será para qual País?