Os passarinhos de Brasília sabem que, interino ou não, o governo que hoje despacha no Palácio do Planalto não está para brincadeiras - para o bem ou para o mal. Tanto que criou uma grande polêmica, na última semana, ao não reconhecer a presidência pro tempore da Venezuela no Mercosul. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal manifestou discordância à postura.
A comissão lembrou que o Tratado de Assunção, instrumento fundador do bloco, quanto o Protocolo de Ouro Preto estabeleceram, de forma inequívoca, que a presidência pro tempore do Mercosul seria alternada a cada seis meses, por ordem alfabética, entre os Estados Partes. Tal regra, acordada livremente entre os membros do bloco e aprovada pelo Congresso Nacional do Brasil, é autoaplicável e automática, prescindindo, portanto, de qualquer decisão ou covalidação adicional.
Salientou ainda a CAE que a relação comercial com a Venezuela beneficia o Brasil. E cita: "Entre 2003 e 2012, nossas exportações para esse país subiram de apenas US$ 608 milhões para US$ 5 bilhões. Nesse período, a Venezuela nos proporcionou um superávit comercial acumulado de US$ 29 bilhões. Exportamos para lá desde alimentos até produtos manufaturados sofisticados. A Venezuela também é vital para desenvolvimento da nossa fronteira amazônica norte e desempenha papel fundamental para o suprimento de energia elétrica aos nossos estados da Região Norte."
Inimizades políticas à parte, o que está em discussão é um jogo grande, o dos negócios, o da economia de países que constituem, até agora, um bloco econômico importante para a América do Sul. Que os ânimos se acalmem. Que prevaleçam as regras do jogo.