"Embora um pouco desacreditada em razão da assinatura de vários acordos regionais nos últimos tempos, a Organização Mundial do Comércio (OMC), com sede em Genebra, ainda se mantém como um foro de excelência do multilateralismo comercial. Tanto que seus membros representam mais de 98% do comércio mundial e a entidade tem cumprido um papel importante pelo menos quando chamada a dirimir controvérsias no comércio entre países."
A observação do presidente da Fiorde Logística Internacional, Milton Lourenço, para quem o organismo não foi criado só para atuar como árbitro em questões controversas, mas para estabelecer um conjunto de normas comerciais que possam ser seguidas rigorosamente por todos os seus membros. "Esse objetivo hoje ainda parece um pouco distante, as suas últimas conferências ministeriais em Bali, na Indonésia, em 2013, e em Nairóbi, no Quênia, em 2015, apontaram para um futuro menos nebuloso nas negociações comerciais internacionais."
Outra iniciativa que poderá produzir bons efeitos é o Acordo de Facilitação do Comércio da OMC, recentemente ratificado pelo governo brasileiro, mas que ainda depende de novas ratificações até alcançar dois terços dos membros da entidade, ou seja, 108 países, para que entre em vigor. Sem contar que, no começo de março, o Senado aprovou o acordo firmado em Bali, que visa à desburocratização do comércio exterior e à eliminação de barreiras administrativas. Esse acordo faz parte do pacote de Bali, considerado histórico por ser o primeiro acordo comercial global em 20 anos.
Ele comemora: "Não se pode deixar de assinalar que essa mudança de orientação muito deve à atuação do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-general da OMC há dois anos e meio, que, de maneira incansável, tem percorrido o mundo para detalhar os objetivos da organização, procurando defender a importância de mecanismos multilaterais, em contraposição aos acordos regionais."