Quando se analisa o terminal da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), no Porto de Santos (SP), sob a ótica do Working with Nature, é possível verificar o projeto deveria ter observado, mas não o fez, na preservação da natureza. Os acionistas do empreendimento são dois gigantes conhecidos, Odebrecht TransPort e Dubai Port World (DPW), que "pensaram" pequeno e não levaram em conta a possibilidade de uma solução ganha-ganha, que respeita a natureza e os investidores.
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Feito o estrago que poderia ter sido evitado, as reparações anunciadas pela Embraport são insuficientes e até risíveis, como a anunciada reconstrução do campo de futebol, que não mitigam as perdas socioeconômicas que arruinaram uma quase centenária comunidade de pescadores artesanais até então em equilíbrio.
Quando a construção de terminais portuários vai interferir na natureza como um processo integrado e as autoridades deixarão de ser permissivas e lenientes, para que esse tema não se limite a exercícios de mitigação ou redução de danos, como vem acontecendo na Ilha Diana, no Porto de Santos?
Ante essa triste realidade, o conceito de sustentabilidade expresso no site da empresa, “A preocupação com a comunidade está presente no dia a dia da Embraport”, passa a ideia de um mero estratagema retórico que não encontra contrapartida no relacionamento com a comunidade da Ilha Diana, e causa a impressão de querer parecer uma empresa alinhada às exigências que hoje transcendem as fronteiras nacionais. Outra pergunta se faz obrigatória: Quanto no tempo e no espaço se disseminam notícias desses impactos com a conectividade da tecnologia digital, em um ambiente global em que negócio vem sendo considerado uma parte integrante das forças econômicas?
Como uma declaração de compromisso da PIANC (The World Association for Waterborne Transport Infrastructure), o Working with Nature tem credenciais para ser uma proposta de mudança no modo de desenvolver e implantar projetos. Principalmente por ser fundamentado no planejamento da expansão exitosa de portos como Roterdam e, assim, vem se firmando como uma referência no desenvolvimento sustentável do setor ligado à navegação. Sob essa visão, e mesmo considerando modestos avanços, no Brasil há muito que evoluir na relação Porto-Cidade. Mas, definitivamente, o impacto ao ambiente verificado no projeto da Embraport não pode ser mais tolerado e o Poder Público precisa exercer o seu papel.
Com certeza os portos para o século XXI que o ministro Helder Barbalho, da Secretaria de Portos (SEP), fala em entrevista ao Portogente, descartam projetos como os que prejudicam toda uma comunidade de pescadores.