Em entrevista à agência de notícias da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o gerente-executivo de Comércio Exterior da entidade, Diego Bonomo, falou da frustração do Brasil ficar de fora do mais moderno acordo de livre comércio, segundo ele. No dia 5 de outubro último, Estados Unidos e Japão fecharam com outros 10 países a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), em Atlanta. O “mega-acordo” altera a dinâmica do comércio mundial e terá impacto no País. Bonomo explica que, a partir de agora, os países do novo bloco vão dar preferência para trocar mercadorias entre si. “Em algum grau, haverá desvio de comércio”, avalia. Fazem parte do TPP: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.
"O TPP aumenta a liberalização do comércio, principalmente entre duas economias líderes, os Estados Unidos e o Japão, e cria regras inovadoras para o comércio mundial. Esses países foram além do que existe hoje na Organização Mundial do Comércio (OMC) e estabeleceram um novo referencial de regras para as negociações comerciais. Em um dos capítulos, por exemplo, o TPP traçou limites para as empresas estatais e monopolistas, que são usadas por alguns governos para estimular a economia, mas distorcem as condições de concorrência no mercado internacional."
Para ele, o Brasil tem que correr atrás do prejuízo. "Precisa acelerar as negociações que estão previstas no Plano Nacional de Exportações (PNE), principalmente com o México, a União Europeia e os países da América do Sul. Além disso, precisa incorporar na lista dois países que são parceiros históricos e fundamentais do Brasil: os Estados Unidos e o Japão, justamente as economias líderes do TPP. Hoje, o Brasil tem que lidar não só com o efeito do TPP, como também se preparar para o futuro TTIP - entre americanos e europeus - que terá um impacto ainda maior sobre a economia brasileira. Teremos um grande desvio de comércio nesse caso."