Informação do Relatório Reservado (RR) dá conta que o banco português Banif Brasil pode deixar o país até dezembro próximo. Ainda segundo o RR, tal decisão foi anunciada pelo presidente mundial do grupo, Jorge Tomé, aos executivos do banco no país. Os portugueses pretendem anunciar a venda, em um só pacote, das operações também em Malta e Cabo Verde antes da primeira assembleia geral de acionistas de 2015, prevista para meados de janeiro.
A situação cria uma grande incógnita, mas, entre os executivos, a sensação é de que nada pode ser pior do que o atual momento do banco, marcado por um vazio estratégico, queda do volume de negócios e resultados declinantes. O Banif Brasil nunca chegou perto dos andares mais altos da banca nacional, mas por longo tempo conseguiu manter uma curva ascendente em suas operações, sugerindo até voos mais altos no país. Tudo começou a mudar em 2012, quando o grupo vendeu sua corretora para os patrícios da Caixa Geral de Depósitos, num prenúncio do que estava a caminho. A partir de então, a instituição entrou num estado de catalepsia, que se acentuou depois que os portugueses anunciaram a intenção de vender todas as operações no país, novela que se arrasta há exatamente um ano.
Nos últimos meses, mais preocupada em se livrar de suas colônias bancárias ultramarinas, Lisboa teria virado as costas para a Terra de Vera Cruz. A paralisia se reflete nos indicadores do banco, que encolhem mês a mês. No período de aproximadamente um ano, o volume de ativos do Banif caiu de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,2 bilhão. No mesmo intervalo, o banco perdeu quase 30% dos seus depósitos, que recuaram de R$ 1 bilhão para algo próximo de R$ 700 milhões.