A situação de abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo pode piorar entre 2014 e 2015. Foi o que afirmou, nesta quarta-feira (4/6), o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, em audiência pública realizada pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), do Senado. Foi sentida e lamentada a ausência da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
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Para Guillo, o problema de abastecimento de água de São Paulo teve três causas. A primeira foi a seca anormal, fora de qualquer padrão já registrado. A segunda seriam as obras não executadas no passado, como duas barragens na região de Campinas que não foram feitas porque apenas gerariam segurança hídrica. E a terceira, a ausência de uma regulação mais efetiva, com critérios objetivos.
Guillo afirmou que, para o abastecimento de água da população, não basta apenas chover, mas a chuva tem que cair no lugar certo, ou seja, no reservatório. Ele apontou ainda a dificuldade de gestão do abastecimento de água devido à interligação entre rios e reservatórios estaduais e federais entre si. “O potencial de geração de conflitos sobre essa questão é muito maior do que a eventual e positiva colaboração federativa. Nós achamos que nós precisaríamos de um arranjo na Constituição em relação a esse tema”, defendeu.
O dirigente da agência reguladora explicou que o complexo de reservatórios do Cantareira é formado por cinco reservatórios e responsável por quase 50% do abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo. Segundo ele, o complexo de reservatórios que, em 2010 chegou ao seu máximo, inclusive causando enchentes, no final do ano passado até fevereiro de 2014, ficou vazio devido ao baixo volume de chuvas. “No dia de hoje, o reservatório interligado dos rios Jaguari e Jacareí, o maior deles todos, chegou ao seu zero operacional. Então, a situação se agravou sobremaneira”, afirmou.
Ele observou, todavia, que o volume morto do complexo do Cantareira é diferente do volume morto da maioria dos reservatórios do Brasil, onde a água fica ali parada, sem uso. No caso do Cantareira, há duas saídas da água: uma superficial para o abastecimento da população e outra por baixo para abastecer os rios do Piracicaba, para a região de Campinas. Então, há uma grande circulação de água, inclusive no volume morto.
“Aqueles alertas, que são sempre positivos, de que esse reservatório tinha uma água parada, que o volume morto era uma água estagnada, sem circulação, não corresponde à realidade desse reservatório”, afirmou.
Ele explicou que, no momento, a Sabesp propõe manter um fornecimento de água que seja confortável para a população. No entanto, há o risco de, se não chover no reservatório, a água não ser suficiente e a Sabesp ter de usar o volume morto. “Na nossa visão, essa proposta precisa ser ponderada pela vazão afluente, ou seja, se chegar menos água, qual a consequência de se manter essa vazão de 31, essa retirada de 21 m3/seg para São Paulo? Vai ter como consequência, e isso está no próprio estudo da Sabesp, que a água existente no reservatório mais o volume morto de 180 m3não será suficiente”, alertou.