Foto: Economia.estadão
Somente o modal ferroviário tem conseguido recuperar o volume de fretes observado
antes da crise em 27 países da União Europeia
Segundo ele, medidos em TKU (toneladas-quilômetro útil), o volume de fretes é um indicador que se relaciona tanto com a economia como com o meio ambiente. Pela via econômica, é clara a relação entre a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do continente, consequência da crise de 2008, e a redução da demanda de fretes. No entanto, mesmo com sinais de recuperação econômica, o volume de fretes parece não estar reagindo da mesma maneira. “Pela via ambiental, a AEA vê outros efeitos na redução do volume de fretes, entre eles um resultado positivo: menos fretes têm, como consequência, menos impactos ambientais. Mas não se trata apenas de reduzir os fretes, e sim de modificá-los qualitativamente”, aponta.
Por isso, explica, a AEA indica outro resultado positivo: o modal ferroviário foi o que mais se aproximou dos patamares observados no período anterior à crise, e, desde 2010, foi o único modal que apresentou crescimento em volume de TKU, liderando os indicadores de volume de fretes. “Ainda assim, a participação do transporte rodoviário no volume de fretes segue predominante, com 76% dos transportes de mercadorias, enquanto o modal ferroviário vem em segundo lugar com 18%, e tendência de crescimento.”
A nova tendência, observa Mineirinho, enfrenta o pensamento único que dominou a política de transportes europeia durante os anos 1990, pautada na preferência pelo transporte rodoviário e na consequente redução do uso do transporte ferroviário. Esta política teve efeitos mais drásticos nos países do leste europeu, que até 1996 ainda tinham no transporte ferroviário o modal predominante, com mais de 50% dos volumes de fretes, à frente do uso rodoviário e dos demais modais.
“Durante a década, o sucateamento do transporte ferroviário fez com que, no ano de 1998, este modal chegasse, pela primeira vez, à participação inferior a 20% no volume total de fretes da União Europeia. Durante os anos 2000, a participação ferroviária oscilou, com predominante queda até o período pós-crise.”