Em 1995, o Exército foi chamado para ocupar as refinarias da Petrobras Brasil afora. Era a repressão do então governo FHC aos petroleiros em greves por direitos. As cenas foram as mais tristes desde o regime militar de 1964. Tanques de guerra tomando conta das refinarias.
Em 2013, as cenas podem ser tristes outra vez. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) convoca o mesmo Exército – cuja função é defender o Brasil – para fazer a “segurança” do primeiro leilão do poço pré-sal, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (21/10).
Foto: Petrobras
Plataforma 33, onde petroleiros fazem greve contra leilão do pré-sal
Em carta enviada à presidenta Dilma Rousseff, no dia 19 último, petroleiros grevistas – que estão a bordo da P-33 [Plataforma Petrobras XXXIII], em protesto contra a venda do campo de Libra – dizem: “...há algum tempo nos ensinaram que o futuro do Brasil se faria com lutas. Naquele tempo, estas lutas não passaram de sonhos, mas hoje se transformam em pesadelo. Um dia me chamaram para derrubar FHC. Um dia me chamaram para combater a corrupção. Um dia me chamaram para fazer feliz o povo brasileiro. Também houve um dia que me chamaram para defender a Petrobras.”
Eles imploram para que Dilma honre seu passado: “A senhora hoje está fazendo justamente o contrário que nos ensinou. Nós, os petroleiros, fomos punidos por FHC, pelos tribunais de instancias trabalhistas, e hoje muitos de nós com 30, 40 anos de Petrobras, nos assombramos em ver estas cenas se repetindo nos dias atuais.” Pedem, ainda, para que Dilma não seja o algoz dos brasileiros, “entregando nossa fortuna em mãos de estrangeiros”.
O que é o campo de Libra
Segundo descrição da própria ANP, o campo tem capacidade de produção entre 12 e 15 bilhões de barris de petróleo, o equivalente a toda a reserva nacional – em torno de 14 bilhões – e renderia mais de dois trilhões de dólares ao país.
