Apesar de muito oba oba feito em torno do anúncio da presidenta Dilma Rousseff de que a administração algumas ferrovias serão concedidas à iniciativa privada, repetindo o que fez o governo FHC em 1997, a eficiência e o desempenho do transporte ferroviário no Brasil pouco avançaram com a mudança de modelo. Não há planejamento de longo prazo e o setor tem sido um verdadeiro "cada um por si" desde então. As concessionárias só pensam nos trechos que dão maior lucro, o Governo Federal não fiscaliza ou regula como deveria e os usuários das ferrovias ficam na mão, conforme é possível constatar nos links a seguir.
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Na última semana, o atual presidente da Rumo Logística - um dos principais clientes de ferrovias no País -, Julio Fontana Neto, criticou as concessionárias ao dizer que sempre se aborda muito as ferrovias e pouco se fala de cliente: "eu gostaria de mudar de tom e dizer não estamos satisfeitos". Entretanto, Fontana Neto já foi presidente da concessionária MRS Logística e quando ocupou tal cargo também pouco fez para melhorar a situação dos seus clientes ferroviários, comprovando que não há um pensamento coletivo de desenvolvimento da atividade. Até trechos ferroviários foram desativados após as concessões, prejudicando muitos produtores.
Ilustração: Betto Cordeiro
Arte de Betto Cordeiro mostra como os clientes
veêm os "avanços" do setor com as concessões
Segundo ele, se os clientes não tiverem iniciativas como as da Rumo Logística, que é investidora da ALL e duplicou por conta própria o acesso ao Porto de Santos e construiu nove terminais intermodais no interior, entre outras obras realizadas, dificilmente terão resultados melhores.
Sem um planejamento nacional de longo prazo e com administrações como as de Fontana Neto, que só atendem aos interesses da companhia em que ocupa, o transporte rodoviário seguirá predominante na matriz de transportes do Brasil por muitos anos.