“Mon général, l´homme est très utile!
Il sait voler, il sait tuer.
Mais il a un défaut:
Il sait Penser”.
(Bertolt Brecht)
É fato que uma das grandes polêmicas hoje no cenário portuário nacional é a da mão de obra. A Lei dos Portos, que foi chamada, por todos, inclusive pelos sindicalistas, como a lei de modernização dos portos mudou muita coisa, e bagunçou outras.
Pelo Brasil afora não se tem uma opinião homogênea (ou modus operandi) sobre como utilizar ou empregar o trabalho nos portos. Mesmo que a lei determine regras para serem seguidas por todos.
PortoGente, acertadamente, vem abrindo espaço para o debate. Nada se faz bem sem debate, sem reflexão e sem, principalmente, entendimento.
Interessante destacar nessa arena de discussão energética a declaração do presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Lírio Guterra, à Reportagem do site, na matéria Lei 8.630 muda perfil do trabalhador portuário. Diz ele:
“É perceptível uma mudança no perfil do portuário, pois aqueles históricos estão se afastando da linha de frente. Desta forma, uma nova leva de trabalhadores tem chegado aos portos e muitos não possuem contato com o mundo portuário, ou seja, não vêm de famílias de portuários”.
A lucidez (concordemos ou não com ele) do dirigente sindical não para por aí, prosseguimos nas suas aspas:
“E isso pode levar alguns deles a incorporar o discurso do empresariado, com a ideia de que os portuários eram trabalhadores privilegiados, com altos custos e pouco trabalho. Mas, só pesquisas mais profundas e o próprio tempo dirão se a relação mudou tanto assim”.
Pois é, não há como negar que a Lei 8.630 mais do que “modernizar”, ou fazer a privatização branca das operações portuárias, veio para mudar radicalmente as relações de trabalho no setor, que, bem ou mal, privilegiavam a imagem do sindicato na cabeça do trabalhador avulso.
Hoje essa “imagem” precisa ser construída por ações concretas. Para que serve mesmo um sindicato? Para mobilizar e organizar os trabalhadores em defesa de direitos, em defesa de melhores condições de vida e de trabalho. São memoráveis os exemplos, ao longo da história dos sindicatos de avulsos do Porto de Santos e dos outros portos nacionais, de lutas sindicais aguerridas. Podemos citar um nome para simbolizar a luta verdadeira no “chão portuário”, o de Oswaldo Pacheco.