O pesadelo acabou. Esta é a sensação dos trabalhadores aquaviários do Espírito Santo com o anúncio do retorno do Sistema Aquaviário, que foi suspenso em 2000.
Antenor José da Silva, presidente do Sindicato dos Aquaviários do Estado, afirma que o sistema foi desativado porque havia “envolvimentos” com o setor rodoviário. Para o sindicalista, a reativação significa respeito e responsabilidade do Estado para com a população. “Tomando por cálculo a operação de oito lanchas, serão gerados 80 empregos diretos”. Ele disse, ainda, que a implementação do Sistema vai custar 50% mais barato frente aos outros projetos, para o setor de transportes, apresentados até o momento.
Desafogar o trânsito na Grande Vitória. Este é o objetivo do governo estadual frente à quantidade de projetos que vêm sendo apresentados. O projeto do Sistema Aquaviário envolve os municípios de Vitória, Cariacica e Vila Velha com demanda prevista de dez mil pessoas/dia.
Preocupado com o crescimento da circulação de veículos, cuja previsão é de um milhão de automóveis em 2018, Ricardo Ferraço, vice-governador e secretário estadual de Transportes, fala que a principal alternativa é o transporte de passageiros pela baía de Vitória. Ferraço disse que o Sistema estará operando no final do próximo ano.
A proposta é que a aquisição das barcas e a construção dos novos terminais – os antigos foram depredados – sejam financiadas pelo Estado. Já a operação do Sistema ficará sob o comando da iniciativa privada, regulada pelo governo que exigirá conforto, qualidade e tarifa compatível. Os estudos estão sendo desenvolvidos por uma empresa de Santa Catarina e no projeto, a ser apresentado, constarão o tipo de embarcação, as rotas, o custo de implantação e a viabilidade econômica.
Ricardo Ferraço fala que o cronograma de ações para o retorno do Sistema Aquaviário na Grande Vitória já está definido. O edital, abrindo concorrência pública para a aquisição das embarcações, será lançado neste mês de agosto. Em setembro, os projetos de arquitetura e engenharia dos terminas serão contratados.
Nem sempre foi assim
Há cerca de três anos, a empresa Barcas S.A., do Rio de Janeiro, se interessou pelo Sistema Aquaviário da Grande Vitória. Entretanto, o governo Paulo Hartung recusou alegando inviabilidade econômica. Segundo o vice-governador e secretário de Transportes, o que havia era um estudo, datado de 2005, elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tomou como base a viabilização financeira, como se o sistema fosse totalmente privado. Aí, a tarifa seria incompatível com a realidade econômica dos usuários. No modelo apresentado agora, Ferraço garante que é diferente.
E tome engarrafamento
Na busca pelo fim dos engarrafamentos da apertada Grande Vitória, o governo do Espírito Santo atira para todos os lados. São projetos em cima de projetos: ampliação do Sistema Transcol (ônibus), construção de rodovias como a Leste-Oeste, parceria com a Prefeitura Municipal de Vitória na ampliação da Avenida Fernando Ferrari e construção da nova Ponte da Passagem. Todos, para resolver o problema da mobilidade urbana.
O Estado prevê R$ 500 milhões em investimentos na mobilidade urbana, neste ano, para a Grande Vitória. Um conjunto de medidas está sendo tomado como a ampliação da Darly Santos, do Contorno do Mestre Álvaro, da Leste-Oeste e do viaduto ligando a Darly Santos à avenida Carlos Lindenberg.
A expectativa é a realização de todos esses empreendimentos para que a população tenha transporte que ofereça tranqüilidade, regularidade, conforte e valor da tarifa acessível.
