O “Irene’s Wisdom” deixou em 2/2 o porto sulafricano com 141 contêineres e 10 itens a granel, programados para descarga em Santos exatamente um mês depois
Enquanto os holofotes da mídia se voltam para a nova guerra comercial em escala planetária, um determinado navio avança, atravessando o Atlântico, de Durban, na África do Sul, para o porto brasileiro de Santos. Contém uma única planta, mas embora com características “verdes”, é uma planta industrial, modelo para um novo tempo na mineração de um produto que – em breve – estará em todos os veículos, computadores e eletroeletrônicos, celulares e nas populares “pilhas” ou baterias – e até movendo navios: o lítio.
O equipamento em Durban, supervisionado pela equipe da Atlas e preparado para a viagem a Santos
Fotos: divulgação/Atlas Lithium Corp./Nasdaq
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O “Irene’s Wisdom” deixou em 2/2 o porto sulafricano com 141 contêineres e 10 itens a granel, programados para descarga em Santos exatamente um mês depois. Outros dois contêineres, com peças de reposição, farão idêntica viagem em março.
As remessas, destinadas à empresa Atlas Lithium Corporation (Nasdaq: ATLX), completarão por terra o percurso até as áreas de mineração no chamado Vale do Lítio, jazida Sítio das Neves, em Minas Gerais.
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Sua característica especial, diferente de outras instalações mineradoras: a planta industrial é modular, crescendo sob demanda, com a ampliação do processamento do minério, e tem um projeto de ponta e ecologicamente correto, coerente com o objetivo ambiental de participar do crescimento da eletrificação das frotas mundiais de veículos.
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A planta modular de processamento de lítio de separação de mídia densa (DMS, na sigla inglesa) é descrita por Eduardo Queiroz, diretor de Gerenciamento de Projetos e vice-presidente de Engenharia da Atlas, como inovadora por estabelecer um padrão moderno e ecologicamente correto para processamento de lítio: compacto e modular, permite transporte e instalação eficientes; tem pegada ambiental otimizada, garantindo também alta eficiência operacional; conta com reciclagem de água que reduz drasticamente seu uso; e usa tecnologia de empilhamento a seco que dispensa barragens de rejeitos, aumentando a sustentabiliade ambiental.
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Contando com espodumênio (o mineral de onde o lítio é extraído) de alta qualidade e amplas reservas com custos de produção competitivos, a brasileira Atlas tem sua produção vendida antecipadamente para grandes importadores asiáticos, onde cresce rapidamente o mercado de veículos elétricos. Tem parceria com a Mitsui, que investiu US$ 30 milhões para garantir seu suprimento de lítio.
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O lítio é componente essencial das modernas baterias, cuja evolução deve acelerar a demanda, mesmo otimizando o uso do lítio. A demanda mundial pelo controle de fontes produtoras vem crescendo (o Chile pensa em nacionalizar suas minas).
A queda cíclica no interesse popular por carros elétricos, acompanhada pelo explosivo aumento na produção mundial de lítio (que reduziu seus preços), é compensada pelo crescimento inercial do setor e novas baterias com mais capacidade e autonomia e menor custo logo impulsionarão esse mercado. O lítio também está presente em inúmeros equipamentos eletrônicos, de marcapassos a celulares, como componente de baterias recarregáveis.
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Então, com o rápido desenvolvimento do setor, o lítio a ser processando na planta industrial prestes a chegar a Santos pode ser o mesmo que em poucos anos, “original” ou reciclado, estará nas baterias dos navios mais sofisticados que atracarão nesse mesmo porto...
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