Privadas não conseguem compensar saída da Petrobras nos campos terrestres do Nordeste
O Intituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) está preocupado com a saída da Petrobrás da região Nordeste do País. Segundo o instituto, no dia 30 de setembro último, a companhia petrolífera brasileira "assinou o contrato de venda de dois campos da Bacia terrestre Potiguar".
Mudanças radicais na política de atuação da Petrobras causam apreensão.
Foto: Reproduzida a partir do site do Ineep.
A transação dos campos atende ao novo princípio estratégico da Petrobras de focar sua atuação na área de exploração e produção do pré-sal e no downstream da região sudeste. Além disso, a empresa argumenta que novas empresas mais especializadas na exploração de petróleo em terra poderiam aumentar a eficiência da produção gerando maiores benefícios econômicos para as regiões envolvidas.
"Embora seja compreensível que, no longo prazo, a Petrobras se dedique progressivamente aos campos offshore, principalmente do pré-sal, tal mudança de rota abrupta da companhia associada à timidez dos investimentos privados deve levar a um resultado contrário ao pretendido. Isto é, ao invés de uma melhora dos resultados econômicos, o que tem se observado é uma piora acelerada dos indicadores do setor nas regiões de produção de terra", analisa o Ineep.
Em recente estudo, o Ineep mostrou que nos últimos quatro anos, houve a demissão de cerca de sete mil funcionários das áreas de exploração e produção do nordeste, sua maior parte atuando em terra. Além disso, no mesmo período, a média salarial dessa força de trabalho se reduziu em aproximadamente 17%.
É importante notar que a atuação do capital privado pode ser importante para complementar a posição da Petrobras e auxiliar numa transição de longo prazo. No entanto, a estratégia de saída abrupta da Petrobras, levando-se em conta a inexistência de empresas privadas com grande potencial de investimentos nas áreas terrestres, tende a agravar a situação. E, ao invés de uma transição de longo prazo, o que ocorrerá será a destruição de uma cadeia inteira de produção no curto prazo.