Uma das informações mais difundidas a respeito de anticoagulantes é que esse tipo de medicamento afina o sangue. No entanto, segundo a Associação Brasileira de Hematologia e Homoterapia (ABHH), anticoagulantes agem impedindo o crescimento de coágulos, não alterando a viscosidade do sangue. Mitos como esse costumam causar confusão entre os pacientes.

De forma mais aprofundada, profissionais e órgãos de saúde salientam que a medicação anticoagulante é usada no tratamento de condições em que a formação em excesso de coágulos pode ser um risco à saúde, como doenças cardiovasculares, trombose venosa profunda e embolia pulmonar.

Segundo um estudo dirigido pela Mordor Intelligence, companhia da área de análises e consultoria industrial, o mercado brasileiro de anticoagulantes tem se expandido e a estimativa é de que continue a crescer nos próximos anos. Tal fator tem sido impulsionado pelo desenvolvimento de novos anticoagulantes orais (NOACs) e pelo aumento de doenças cardiovasculares, uma das principais causas de morte no país, de acordo com o Ministério da Saúde.

Porém, a falta de informação pode resultar no uso incorreto dos medicamentos e, com isso, o aumento do risco à saúde. Questionamentos sobre os anticoagulantes e suas funções são comuns, como os efeitos do Noripurum ou para que serve Rivaroxabana. Mas, os mitos e ideias imprecisas devem ser esclarecidos.

Órgãos especializados em hematologia, como a ABHH, reúnem informações para conscientizar a população e clarear pensamentos sobre o que é ou não verídico acerca do uso de medicação anticoagulante.

O uso de anticoagulantes pode ser livre de receita médica

Mito. Conforme a lei brasileira, os remédios são divididos em duas categorias: os com prescrição e os sem prescrição médica, como esclarece o Conselho Regional de Farmácia. Os anticoagulantes se enquadram no primeiro grupo, sendo a venda controlada devido aos riscos associados.

Para adquiri-los, é preciso seguir um acompanhamento médico regular, para ajustar as doses e evitar complicações, explica a ABHH. Ter atenção ao autocuidado e seguir corretamente as orientações médicas aumentam as chances de sucesso do tratamento.

Interagir anticoagulantes com outros medicamentos pode causar riscos

Verdade. Alguns medicamentos, suplementos e, até mesmo, comidas, podem interagir com anticoagulantes diminuindo sua eficácia e causando riscos à saúde.

Um estudo feito pela National Library Medicine avaliou indivíduos que fizeram o uso de medicamentos específicos em conjunto com os anticoagulantes orais. Na pesquisa, fármacos como amiodarona, fluconazol e atorvastatina, que inibem vias metabólicas, foram causadores de hemorragias nos pacientes que os ingeriam junto com os anticoagulantes.

Por isso, cada paciente deve informar ao médico todos os medicamentos que estejam sendo usados, antes do início do tratamento com anticoagulantes.

Anticoagulantes são perigosos e sempre causam hemorragias

Mito. A ABHH explica que o uso desses medicamentos pode aumentar o risco de sangramentos, já que atuam inibindo a coagulação sanguínea, mas, quando utilizados sob supervisão médica, são totalmente seguros e eficazes.

Uma pesquisa realizada pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), sobre um novo tratamento para doenças cardíacas, considerada inédita, demonstrou que o uso do Rivaroxabana para tratar pacientes com fibrilação atrial e doença cardíaca valvar – no grupo de risco para infarto – é totalmente eficaz e segura para a população.

Além disso, o anticoagulante proporciona comodidade e qualidade de vida aos pacientes, uma vez que reduz as consultas de monitoramento e diminui o volume de medicação.

Independentemente do anticoagulante, todos têm a mesma função

Mito. Há diferentes tipos de anticoagulantes e cada um é usado para tratamentos específicos.

A Rivaroxabana, por exemplo, é usada para prevenir a formação de coágulos de sangue nas veias após cirurgias, sendo indicada para o tratamento de embolia pulmonar e trombose. Esse medicamento atua, por sua vez, de maneira distinta de como age e para que serve o Noripurum.

O uso do Noripurum é feito para o combate da anemia e é especialmente indicado para tratar casos de anemias nutricionais e de hemácias pequenas, causadas por deficiência de ferro.

Portanto, cada tipo de anticoagulante tem um perfil de segurança e de monitoramento específico e é direcionado para tratamentos diferentes. Consultar um profissional da saúde é a primeira coisa que deve ser feita, a fim de garantir ao paciente a melhor orientação de tratamento.

Vitamina K e medicação anticoagulante não combinam

Mito. A ABHH explica que, embora a vitamina K, responsável por atuar na coagulação sanguínea, possa interferir na eficácia de alguns anticoagulantes, não é necessário evitar por completo esse nutriente.

O órgão afirma que é importante, pelo contrário, manter uma ingestão consistente de vitamina K, com o consumo de óleos vegetais, margarina e folhas verdes escuras, pois isso irá ajudar a estabilizar os níveis de coagulação.

O que, neste caso, deve ser evitado são as mudanças bruscas na dieta, para que não aconteça uma desregularização da flora intestinal no período do tratamento.

Estilo de vida saudável pode evitar o uso de anticoagulantes

Verdade. Embora algumas condições sanguíneas sejam genéticas, como a trombofilia, outras podem ser evitadas a partir da adesão a uma rotina saudável.

Como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), adotar hábitos que garantem o bem-estar aumenta significativamente a qualidade de vida.

Por isso, manter práticas benéficas, como uma dieta equilibrada, exercícios físicos regulares, evitar o tabagismo e hidratar-se pode contribuir para a saúde vascular geral e prevenir a formação de coágulos e distúrbios sanguíneos.

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