Sábado, 23 Novembro 2024

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O setor de serviços é o segundo maior consumidor de energia no mercado livre. A recuperação desse nicho da economia pode alavancar ainda mais a compra nesse ambiente de negociação. De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), só em março de 2022, o segmento comprou 36% a mais de energia nessas condições se comparado com o mesmo período do ano passado.

A perspectiva, conforme a CCEE, é de que esse setor continue sendo um dos maiores compradores. Na primeira quinzena de agosto desde ano, os segmentos de madeira, papel e celulose lideraram o ranking, com avanço de 15,1%. Na sequência aparecem serviços diversos (10,6%) e bebidas (9,8%). As únicas quedas registradas foram nos segmentos de minerais não-metálicos (-5,3%), têxteis (-2,2%) e telecomunicações (-0,3%). Os dados foram divulgados em setembro de 2022.

A abertura do mercado livre de energia elétrica tem se mostrado atrativa para indústrias e grandes empresas, devido aos preços inferiores às tarifas das distribuidoras e à busca por energia mais limpa e de fontes renováveis.

Vale lembrar que a retirada das restrições da pandemia e o avanço da vacinação tiveram influência nos dados de disparada do consumo de energia elétrica no setor de serviços. A própria movimentação de consumidores também foi importante para o resultado.

Consumo de energia no mercado livre no Brasil

No Brasil, segundo a Abraceel, o consumo de energia no mercado livre cresceu 7% de setembro de 2021 a setembro de 2022. Com a alta, a participação do mercado livre é responsável por 37% do volume total de energia consumido no país.

Em Minas Gerais, a participação é de mais da metade, 52%, sendo que o estado perde somente para o Pará. A demanda maior é resultado de preços mais competitivos, já que, em média, o valor da energia é 38% mais barato que a tarifa praticada pelas distribuidoras.

Ainda de acordo com dados da Abraceel, em relação ao desempenho, o mercado livre de energia conta com mais de 28,5 mil unidades consumidoras, um aumento de 19% em comparação ao último ano. No período, o número de unidades consumidoras que mudaram para o ambiente de livre contratação superou 4,6 mil.

Nos primeiros 15 dias de agosto, por exemplo, conforme a CCEE, o Brasil consumiu 63.519 megawatts médios de energia elétrica, um crescimento de demanda de 3,3% em comparação ao mesmo período de 2021. No mesmo intervalo, o mercado livre consumiu 23.219 MW médios, quantidade 5,7% maior em relação ao ano anterior.

Produção renovável é sinônimo de economia

O mercado livre de energia atende a grandes indústrias e empresas, como redes de varejo e shoppings, que compram energia elétrica diretamente de grupos de geração ou por meio do intermédio de uma comercializadora.

O vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel, Bernardo Sicsú, explica, em comunicado, que o aumento ocorre pelo preço mais acessível e pela busca por energia limpa.

Para atender a demanda dos consumidores – que precisam de uma energia mais barata –, ele afirma que esse mercado tem investido consideravelmente na produção renovável.

O que é o Mercado Livre de Energia?

Grandes empresas estão autorizadas a contratar energia fora da precificação do sistema tradicional de bandeiras tarifárias graças ao Ambiente de Contratação Livre (ACL). Essa modalidade funciona como uma alternativa ao Ambiente de Contratação Regulada (ACR).

O Mercado Livre de Energia no Brasil ainda está restrito aos grandes consumidores, de acordo com a Abraceel. Assim, apenas aqueles que consomem a partir de 1.500 kW têm liberdade total para escolher de quem comprar energia e de qual matriz energética ela deve sair.

Nesse sentido, a reivindicação de que todos os consumidores possam contar com essa possibilidade vem ganhando espaço. Por meio da Portaria 465/2019, por exemplo, o Ministério de Minas e Energia extinguiu reservas de mercado, dando um passo nessa abertura.

Também vem diminuindo gradativamente o patamar mínimo de carga para que consumidores possam ser totalmente livres. O limite foi para 1.000 kW em janeiro de 2022 – uma fatura equivalente a R$ 280 mil por mês. Segundo a Abraceel, essa faixa deve ser reduzida para 500 kW em janeiro de 2023, o que corresponde a uma conta de energia mensal de R$ 140 mil.

Atualmente, na condição de consumidor especial, os consumidores com demanda de 500 kW podem migrar para o ACL. Já os demais, que tenham demanda contratada menor que 500 kW e que não se enquadram nas regras para efetivar a migração, ainda aguardam as definições do Poder Executivo e do Congresso Nacional.

Um cronograma adequado deve ser definido pelas entidades responsáveis para que todos os consumidores, inclusive os residenciais, possam ter acesso ao Mercado Livre de Energia.

 

 

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