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O filósofo grego Aristóteles, em 335 a.C., nomeou de catarse a liberação de sentimentos reprimidos no inconsciente ao assistir a um espetáculo teatral. Portanto, o uso da arte como forma de expressão psicológica é uma atividade milenar, mas que começou a ser explorada pela psicologia, recentemente.
A arteterapia se tornou, de fato, uma área de conhecimento por volta da década de 40, após Margareth Nauberg, Carl Jung e Nise da Silveira, psicólogos e psiquiatras, iniciarem práticas e estudos nesse sentido.
Especialistas dessa terapia usam práticas artísticas como formas de manifestação do inconsciente e recuperar ou melhorar a saúde mental, o bem-estar emocional e social das pessoas. Ou seja, a partir da arte, a pessoa pode se expressar e analisar como sua mente se manifesta.
Entenda como os profissionais com cursos de arteterapia podem ajudar na melhora da saúde mental!
O que é arteterapia?
O objetivo da arteterapia é estabelecer um canal de comunicação entre o paciente e o terapeuta. Com as expressões artísticas, o profissional pode ajudar a superar traumas, desvendar conflitos emocionais e entender traços de personalidade.
Não é necessário ter dom para a arte, pois a estética do resultado é o que menos importa. Os trabalhos devem ser livres de pressão e atender aos impulsos e consciência do paciente. O estudo é feito na observação do processo criativo.
Pode ser realizada com todas as faixas etárias, desde a infância até a terceira idade, como forma de prevenção e tratamento da saúde mental. Costuma ser adotada, com mais frequência, em crianças, pois, na maioria das vezes, é mais fácil para elas se expressarem com elementos lúdicos do que com a verbalização.
Benefícios da arteterapia
A prática terapêutica por meio da arte consegue melhorar a saúde mental a partir de certos estímulos. A mente é consequência de diferentes benefícios. Veja quais são!
Estímulo à criatividade
Ao praticar a arte, de forma livre, sua capacidade intelectual de criação é potencializada, o que impulsiona o raciocínio e a imaginação.
Aumento da autoconfiança
Trabalhando criações autorais, os pacientes ganham confiança de se expressar e, por consequência, autoestima.
Melhora na concentração
Diante de tantos estímulos do cotidiano, a distração se tornou um problema recorrente, principalmente entre os jovens. A falta de concentração é, inclusive, um agravante da ansiedade – o mal do século, segundo o psiquiatra Augusto Curry. Portanto, tirar alguns minutos ou horas para se dedicar à arte ajuda a combater o mal, e garante mais foco.
Expressão de sentimentos
A dificuldade de se expressar em palavras pode ser um sintoma de ansiedade social. Porém, ao usar a arte como forma de expressão, o paciente se sente, gradativamente, mais confortável em verbalizar seus sentimentos.
Há ainda as análises dos arteterapeutas, que estimulam o autoconhecimento e contribuem no tratamento de doenças psicológicas, como depressão e ansiedade.
Práticas artísticas aplicadas na arteterapia
A arte possui diversos formatos. Na arteterapia, nenhuma delas é imposta ao paciente; ele tem liberdade de escolher o campo que mais o agradar. As práticas mais usadas são:
- Pintura;
- Desenho;
- Escultura;
- Colagem;
- Gravura;
- Teatro;
- Tecelagem;
Escrita criativa (sem se preocupar com gramática e vírgulas).
Quem pode ser arteterapeuta?
Todos podem fazer um curso básico de arteterapia. Porém, para atuar é necessário ser da área da saúde, educação, artes ou social – profissionais das últimas três áreas citadas só não podem fazer sessões com enfoque clínico, segundo a Associação Brasileira de Arteterapia.
Arteterapia no Brasil
Foto: Reprodução/Ministério do Turismo
Não há como falar de arteterapia no Brasil sem citar Nise da Silveira, psiquiatra alagoana. Nise contribuiu para a substituição dos métodos agressivos usados na contenção de pacientes do Hospital Psiquiátrico do Rio de Janeiro, em 1946. Ela deu lugar às práticas artísticas ao invés de eletrochoque, lobotomia e isolamento, para tratamento terapêutico.
A intenção da psiquiatra era oferecer um tratamento mais humano, a fim de recuperar o indivíduo para a sociedade. Observando as práticas artísticas dos seus pacientes, Nise percebeu alguns padrões ligados à esquizofrenia, depressão e outras doenças psicológicas.
Apesar do método de Nise diferir do usado, atualmente, na arteterapia, ela foi precursora do estudo. Os pacientes dela recebiam orientações de uma mentora, enquanto na arteterapia, o trabalho artístico é livre. No entanto, ambos buscam a expressão por meio do uso de pincéis, tintas, argila, papéis e cores.
Pintura de Emydgio de Barros, paciente de Nise Silveira – Foto: Divulgação/CCBB-RJ