De origem milenar, estamparia especial é a tendência das próximas estações
Foi-se o tempo que em que o tie dye era apenas um símbolo de comunidades nômades. Atualmente, o famoso tingimento especial já ganhou as passarelas de todo o mundo. Quando isso começou a acontecer, contudo, ele era utilizado apenas em criações voltadas para a moda praia e verão.
Hoje em dia, porém, o tie dye está presente em todas as estações, mesmo no inverno. Por sua versatilidade, inclusive, ele também é apreciado tanto na moda masculina, quanto na feminina, passando pelo infantil e o unissex. No entanto, a história do tie dye começa muito antes dos desfiles de moda existirem.
Ao contrário do que muitos pensam, o tie dye não surgiu nos Estados Unidos, nos anos 60, junto do crescimento dos movimentos urbanos de contracultura — foi assim que ele se popularizou. Ele tornou-se símbolo das comunidades que lutavam contra o preconceito e a repressão policial. A escolha do tie dye era mais política que estética.
Ou seja, esse tipo de tingimento não foi escolhido pelos revolucionários por ser bonito ou fashion. Do contrário, o tie dye era considerado algo feio e marginal para a época, por isso tornou-se a escolha e o símbolo de pautas do momento. O nome é uma referência literal a como o tingimento é feito: tie, em inglês, significa amarrar, e dye, tingir.
Origem milenar
O tie dye surge na Índia e no Japão, entre os séculos IV e VI d.C. Também existem registros de que técnicas similares de tingimento e estamparia foram utilizadas em outras partes do globo no mesmo período, incluindo a América do Sul, nas sociedades pré-colombianas.
Vale lembrar que todos os lugares onde foi reportada a presença da utilização da técnica estavam completamente isolados entre si na época, e não existiam os meios de comunicação que hoje temos. Isso leva muitos historiadores a ressaltar a inteligência material de populações originárias.
Aliás, o nome variava de acordo com a região. Na Índia, por exemplo, ele era chamado de Bandhani. Sua principal utilização era em roupas de cerimônia, como o casamento, e outros eventos religiosos, sendo utilizado, principalmente, em roupas de mulheres.
Já no Japão, era chamado de Shibori, termo da língua japonesa que significa, literalmente, torcer. Ao contrário da Índia, a técnica era utilizada na confecção de roupas masculinas, em particular, nos kimonos dos oficiais de guerra.
O Shibori era visto como um símbolo de bravura. Por lá, os kimonos eram guardados como verdadeiros tesouros e passados de geração para geração, como uma herança de grande valor simbólico.
Tie dye na moda
No ocidente, o tie dye deixou de ser apenas uma estampa da contracultura quando artistas de extremo reconhecimento e projeção começaram a utilizar as peças nas décadas em que ele se popularizou. Em especial, personalidades como Jimi Hendrix e Janis Joplin contribuíram para que o tie dye saísse da marginalidade, mesmo na intenção de apenas representá-lo.
Na moda tradicional, ele começou a aparecer nos anos 1990, sobretudo em marcas direcionadas para o mundo dos surfistas. Hoje em dia, grandes grifes têm utilizado a estampa em suas coleções, fazendo com que o tie dye passasse, recentemente, pelas maiores passarelas do mundo.
Estudiosos acreditam que essa tendência tem a ver, mais uma vez, com o momento político que o mundo todo experiencia nesse momento. A combinação da crise climática com a política e o crescimento expressivo de discussões acerca de direitos sociais nos últimos anos têm ligação direta com esse período da moda.
Apesar de ter surgido na Ásia, em outra época da histórica e em diversos contextos culturais, é sempre bom valorizar a história do tie dye e entender o quão especial essa estampa já foi para outros povos.