Após alguns anos de desaceleração econômica, o Brasil voltou a se tornar um polo de atração aos olhos do mundo. Uma das principais consequências positivas é que empresas de fora expandem seus negócios por aqui, como a marca francesa Kiabi que completa 40 anos de fundação em 2018.
Ela é uma das principais referências do mundo na comercialização de produtos de moda a preços bem acessíveis buscando a participação das classes sociais com menor poder aquisitivo.
Após três anos de prospecção e estudos de mercado, a Kiabi anunciou que em 2018 abrirá suas primeiras lojas no Brasil, com a perspectiva de inaugurar cerca de 40 unidades até 2023 em diversos pontos do país.
A primeira já tem mês e local de inauguração: agosto deste ano no Shopping Ibirapuera, zona Sul de São Paulo, e os produtos devem custar a partir de R$ 15.
Ela terá 1,5 mil metros quadrados e deve receber uma enorme quantidade de clientes já que o governo do Estado está entregando uma linha de metrô que passa na avenida em frente ao estabelecimento.
Também será lançado um site de e-commerce para alavancar as plataformas digitais e a perspectiva é que em outubro desse ano seja aberta uma outra loja física em local à ser definido.
40 anos de Kiabi comemorados em solo brasileiro
A chegada da Kiabi ao Brasil, o primeiro país no continente americano a receber uma loja da marca, em 2018 é emblemática já que crava 40 anos de existência da empresa, inaugurada em 1978 no norte da França. Hoje já são cerca de 470 pontos de venda em 12 países e quase nove mil colaboradores. Por ano, a Kiabi movimenta cerca de 2 bilhões de euros.
O principal foco é no mercado europeu já que 300 lojas são na própria França onde, segundo a consultoria Euromonitor, é a segunda maior rede de roupas e a mais importante na venda de jeans de baixo custo.
A empresa conta ainda com 56 estilistas próprios. A família proprietária é a Mulliez, dona também da Leroy Merlin – de materiais de construção – e a Decathlon – de artigos esportivos. Ambas já têm lojas no Brasil, sendo polos importantes de venda próximas à Marginal Tietê, principal via expressa da capital paulista.
Executivos da Kiabi, porém, deixam claro que a chegada ao Brasil será feita com cautela e a visão de retorno é a longo prazo, uma vez que o país ainda sente efeitos perversos da crise econômica dos últimos anos. Uma boa amostra disso é que as lojas internacionais de vestuários que atuaram por aqui recentemente não tiveram boas condições de prosperar.
Nos últimos cinco anos, a americana Gap perdeu receita já que seu parceiro brasileiro – o grupo GEP – entrou em processo de recuperação judicial em 2016. Já a britânica Top Shop iniciou negócios no Brasil mas desistiu em dois anos apenas.
A estratégia de expansão da Kiabi não é voltada apenas para o continente americano, já que nos últimos anos ela tem buscado outros países em desenvolvimento, como a Argélia na África.
No caso específico do Brasil a empresa optou por operação própria ao invés de franquias. Dessa maneira, tudo que será vendido em um primeiro momento não será produzido por aqui, mas sim importado diretamente da França.
Inovação para bater a concorrência
As empresas brasileiras desse setor, como Renner e Riachuelo, já mostram otimismo com a retomada das vendas e planejam crescimentos consideráveis para os próximos anos. Por isso, o principal diferencial proposto pela Kiabi para vencer essa concorrência interna é o atendimento consultivo.
Isto significa que seus colaboradores serão treinados principalmente para orientar os clientes a buscarem os produtos exatos que procuram, prática ainda em desenvolvimento entre as empresas que atuam no Brasil que não investem na qualificação de suas mãos de obra muito além da parte técnica.
Justamente por isso a chegada da Kiabi 40 anos de fundação pode trazer mais do que dinheiro ao mercado brasileiro.