Quinta, 25 Abril 2024

* Artigo produzido por Victor V. Casaca

 

Não existe ética em estado de sobrevivência! Continuo. Alguém conhece outro que não colocaria seus valores em cheque para sobreviver? Aos de espírito elevado, que me permitam continuar ou parem por aqui.

Há alguns meses um C-level, e também piloto de avião, usava uma metáfora para mostrar o ambiente que as empresas enfrentam, onde ele dividiu os aviões (empresas) em três: os menores que voam mais baixo, não conseguindo alcançar grandes alturas, mas que fazem algumas “manobras” para manter sua vantagem, os de médio porte, que voam em áreas de turbulência, enfrentando imprevistos, e dependem de várias ferramentas para conseguir manter o voo, hora ou outra passando por áreas em que não conseguem ver a frente, e, por fim, os maiores, que alcançam grandes alturas, o “céu de brigadeiro” acima das nuvens, e conseguem voar de forma tranquila.

Estávamos em uma mesa debatendo as dificuldades das pequenas e médias empresas e a falta de previsibilidade que temos. Para ilustrar, havia na mesa o caso de empresas que enfrentavam aumento da taxa da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) acima de 3000% e outras que, com fim do regime da Contribuição Previdenciária sobre a Receita, teriam aumento acima de 200% com o custo da Contribuição.

Nos bastidores de um Fórum de Pequenas e Médias Empresas, que fui convidado para assistir, lembrei dessas duas aeronaves menores. Segundo os empresários, do setor em questão, o mercado era altamente competitivo (com alto número de concorrentes) e apresentava grande informalidade. Entre os fatores apontados para esse último, destacaram: os concorrentes que adotam a prática e para competir necessitam também agir dessa forma e os clientes que exigiam a informalidade para reduzir o valor de compra e consequentemente de venda, pois caso eles não fizessem os concorrentes irião fazer. Quando questionados se essa informalidade era para aumentar o lucro ou para que pudessem manter a empresa aberta, todos foram unânimes na segunda opção. Para confrontar essa informação, foi questionado se as empresas vinham aumentando ou diminuindo seu endividamento e caso optassem pelo aumento, se no período houve crescimento da receita (o que poderia indicar um aumento da necessidade de capital de giro). Mais de 70% vinha aumentando seu endividamento, sem aumento da receita. Para encerrar, a maioria venderia sua empresa para sair desse risco e retomar o dinheiro investido. O problema é que muitas também não enxergavam compradores para suas empresas, que estavam sujeitas a esse risco. Também admitiam que não tinham uma apuração de resultado (DRE) eficiente, se atendo ao comportamento do Caixa.

O que quero mostrar com isso: não há fiscalização, há uma estrutura de cobrança de impostos alta, estruturalmente ineficiente e não há de normatização (requisitos) mínima para que essas empresas sejam abertas. Em resumo, um ambiente supercompetitivo, com pouco profissionalismo empresarial e inserido numa economia em crise.

 

É ou não um ambiente de sobrevivência? Vamos para esfera social.

Rio de Janeiro, Outubro de 2017. Visitei a cidade. Na TV, a briga entre facções rivais que estava acontecendo na comunidade da Rocinha. Estava na Barra e fui encontrar um amigo, à noite, na Lagoa. Eis que no trajeto o motorista do Uber avisa que estava tendo uma nova ação na Rocinha, percebo que iríamos passar pelo local que havia visto a pouco na TV. Alguns minutos depois, passamos pela ação: fuzis em punho, caveirões em 45◦, policiais encarando dentro do carro e uma sensação horrível. O motorista reclama de alguma coisa que para meu espanto não tinha haver com a ação e sim com o trânsito e os desvios de dinheiro que havia sido feito pelo governador. Que o Rio era tão rico que mesmo roubado como havia sido, estava de muletas, mas ainda assim vivo.

No dia seguinte, uma conhecida foi pegar alguns convites comigo no hotel e me contou sobre o assalto que a filha tinha sofrido na semana anterior: haviam levado “apenas” o celular dela, mas que sua filha e o namorado se expuseram demais aquele dia. Ela enfatizou que a região que estávamos era tranquila. Sai para correr em seguida e resolvi não levar nada de valor, a não ser minha vida. Me senti podado em um ambiente lindo. Não tive vontade de ir para a praia e, mesmo com as palavras de que a região era segura, meu receio foi maior.

Li sobre os atrasos no pagamento de salários da polícia, com família para sustentar, em uma zona de guerra. Aqui uma pausa para minha leitura dos acontecimentos. O que mais me assustou na cidade do Rio não foram os fuzis, caveirões, assaltos ou furtos, mas sim, o quanto as pessoas estão acostumadas com a violência, o quanto é normal esse ambiente hostil. Estão inseridas em uma zona de guerra e habituadas a isso. COMO?

Sobre o policial com o salário atrasado em um ambiente de guerra, recebendo uma oferta para “facilitar" alguma coisa. Meus caros, vamos cobrar ética do cidadão em estado de sobrevivência?

Vez ou outra vemos um exemplo de honra ser hipervalorizado. E deve! Um cidadão em estado de sobrevivência e zona de guerra que consegue manter sua ética? É para poucos, mesmo.

Temos um problema estrutural. Nossa democracia política foi hackeada por um sistema de interesses pessoais. O vírus se mantém de quatro em quatro anos e nós não conseguimos dar o comando: FORMAT C: (comando do MS DOS, que formata todo o computador, votando ao início). Não adianta mudarmos o presidente se a estrutura abaixo não for formatada. Temos que oxigenar e manter apenas, e ressalto apenas, quem merece. Precisamos mudar a estrutura.

Me marcou o discurso do Patrono no encerramento do MBA que fiz. Uma pessoa inteligente ao extremo, mas com um carisma não tão alto (educadamente estou dizendo baixo), mas usou aquelas palavras que te incomodam sempre que voltam a sua mente. Ele dizia se arrepender de pouquíssimas coisas e uma era a que mais o incomodava: dos amigos de faculdade, ninguém se tornou político ou se envolveu diretamente, da Pós, Mestrado e Doutorado também não. Inclusive ele. Portanto, só estava colhendo o que deixou acontecer. Que refletíssemos sobre seu erro.

Da minha parte... Temos que sair da zona de sobrevivência.

 

·         Victor Casaca: Graduado em Administração de Empresas (ITE), Formação em Gestão de Empresas (FIA), MBA Executivo com ênfase em Finanças (INSPER), Formação em Curso de Estratégia de Empresas (La Verne - EUA). CEO da empresa Star Temper Vidros. Investidor. Diretor do Núcleo de Jovens Empreendedores (CIESP). Também compõe a Diretoria do Departamento Sindical e Serviços (FIESP), do Departamento da indústria da Construção Civil (FIESP), do Sindicato das Indústrias de Vidro de SP (Sinbevidros) e da Associação Brasileira de Vidros (Abravidro). É representante do CIESP Bauru no Comitê municipal de inovação e Tecnologia. Conquistou moção de Aplauso pelo projeto Estação das Artes e o Prêmio Excelência Empresarial 2015, promovido pelo CIESP, de Bauru.

Informações para Imprensa

* Victor Casaca, Administrador de Empresas

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