Michael Porter em seu livro “Competição On Competition”, após uma pesquisa envolvendo 30 pesquisadores em dez países importantes comercialmente, chega à seguinte conclusão: "O papel apropriado do governo é o de catalisador e desafiante, consiste em encorajar – ou até mesmo impedir – as empresas a elevar sua aspirações e galgar níveis mais altos de desempenho competitivo". E continua: "As políticas governamentais bem sucedidas são aquelas que criam um ambiente em que as empresas são capazes de ganhar vantagem competitiva, e não aquelas que envolvem o governo diretamente no processo, com exceção dos países que ainda se encontram no início do processo de desenvolvimento".
Os últimos governos no Brasil, entretanto, têm trabalhado como se o País estivesse no início do desenvolvimento e não que fosse a oitava economia do mundo. E pior, de forma atabalhoada.
Foto: J. Freitas/Senado
Ministro Guido Mantega é sempre convocado para socorrer empresas
Ninguém pode sugerir que o problema de infraestrutura logística é novo. Aliás, é fato conhecido desde os tempos de Getúlio Vargas, segundo relatam os historiadores, quando havia grande carência de infraestrutura. Carência em quantidade e em qualidade.
Claro que evoluímos, mas a questão é sempre de proporcionalidade e de qualidade. Proporcionalmente, as deficiências estão no mesmo patamar há anos. Qualitativamente as coisas também não melhoraram. Em logística, o tempo é um fator fundamental de competitividade, assim como a disponibilidade de recursos e informações.
A sanção de novas leis sem os devidos estudos, acordos e preparação de estrutura adequada só complicam ainda mais o caos logístico. Tomemos a lei dos caminhoneiros que obriga estes a uma jornada máxima de 11 horas com paradas a cada 4 horas. Pra mim, ambos os tempos são exagerados, mas já são balizamentos. Porém, quem e como eles serão controlados? Haverá suporte – postos, áreas seguras, banheiros - a cada 4 horas de viagem, em qualquer lugar do Brasil?
Foto: http://surgiu.com.br
Caminhoneiros dispõem de poucos locais para as 4 horas de descanso
O novo problema que surge é o da carência de motoristas. O modelo (desequilibrado) de distribuição adotado pelo País é de uso intensivo de caminhões. Mesmo sabendo que o modal fluvial e o trem são muito mais baratos, especialmente no transporte a granel de ponto a ponto, particularmente de ponto de produção ao ponto de saída para exportação, jamais esses foram alvo de incentivo governamental. Um condutor de trem ou de uma barcaça pode levar 50 vezes o que leva um motorista de caminhão.
Desta forma o custo da mão de obra no transporte também aumenta o seu custo total. Com caminhões parados à espera de vaga nos portos, o tempo do motorista parado continua elevando o custo total por tonelada ou m3 transportado.
Não dá mais para aguentar a ladainha de sempre, de que esta é uma questão de longo prazo. Para mim é uma questão de ontem.