Quando se pensa em deslocamento de carga e quais investimentos devem ser priorizados na questão de transporte, vem a tona questões como: em que região geográfica, se em áreas já desenvolvidas ou se em áreas a serem apoiadas, em qual tipo de modal de transporte. Em geral, no Brasil, essas decisões vem repletas de ambições políticas e mesmo pessoais.
Investir em infraestrutura exige enormes quantias de dinheiro e por isso são tocadas pelos governos ou em parcerias. Decisões ruins implicam em perda de competitividade para produtores e para o país e preços maiores para os consumidores. Na segunda metade dos anos 90 intensificaram-se os processos de privatização de transporte, dentre estes a concessão de rodovias por parte do governo federal. Mas também houve a descentralização, ou seja, a passagem do bastão de comando para os estados e municípios. O antigo TRU virou o atual IPVA que ficou na mão dos estados. Todos esperavam que nossas estradas e ruas melhorassem.
De fato, onde a iniciativa privada assumiu o gerenciamento e cobra pedágios exorbitantes se tem rodovias bem mantidas, em geral. Entretanto naquelas administradas por governos a coisa ainda não deixou de ser uma boa intenção, apesar da disponibilidade de mais recursos.
Tive a chance de estar em outros países neste mês e as estradas, apesar de menos bonitas, não apresentavam falhas, buracos ou indicações não visíveis. Principalmente me chamou a atenção a qualidade do asfalto nas ruas e avenidas dentro das cidades. Sempre escutei que nossas ruas eram esburacadas porque aqui chovia muito e fazia muito calor. Onde estive chove ainda mais e faz mais calor e por mais tempo do que por aqui. Acredito que nossa engenharia, que constrói estradas e outras obras de grande porte em outros países, tenha capacitação técnica para fazer coisas boas.
Manutenção de ruas e estradas é muito caro e os governantes reclamam da falta de verba, mas onde estive há ainda menos disponibilidade de recursos. A conclusão que cheguei é que o problema por aqui é mesmo falta de vontade de fazer direito.
Hoje quando se busca reduzir emissão de poluentes, a má qualidade dos pisos implica em menor velocidade, uso de marchas de força e, portanto, mais combustível gasto e mais poluição no ar que respiramos. Logo há ainda mais uma forte razão para se investir corretamente em infraestrutura de transporte.