Em 23 de outubro último, os dados da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sobre a produtividade brasileira foram divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo. O que mais chocou do relatório é que a produtividade de 2008 é equivalente à de 30 anos atrás. Apesar da evolução técnica, quer de instrumentos de trabalho - computadores, telefonia móvel, etc - quer de meios mais elaborados de administração nos últimos 30 anos, derrapamos no crescimento da produtividade.
Lembro que Taylor, em 1911, lançou seu livro “princípios científicos da administração”. Dizia que o conhecimento pode ser aplicado ao trabalho buscando uma melhora da produção e que caberia ao “gerente científico” descobrir a melhor maneira de obter a máxima produtividade. Isto pode parecer muito americano, entretanto o taylorismo foi menos aplicado nos Estados Unidos do que no Japão ou na União Soviética , quando o regime bolchevista resolve adotar medidas mais enérgicas para aumentar a produção (ver Gestão e Organização no Capitalismo Globalizado, de R. Heloani).
Assim pode-se concluir que a busca por melhoria de produtividade é tanto almejada no ocidente como no resto do mundo.
Entretanto, nossa evolução foi nula. Nos anos 70, a produção brasileira era equivalente a três vezes a registrada por Coréia do Sul, Malásia e Tailândia juntos (Valor Online, 2007). Em 2005, esta mesma produção representava apenas um terço da soma da produção desses três países juntos. Em 1980, a produção de produtos brasileiros manufaturados era equivalente à soma de China e Índia juntas, enquanto que em 2005 essa produção passou a equivaler a apenas um oitavo da produção conjunta desses países (CIESP, 2007). Concluímos que o resto mundo avançou, nós não.
Grande parte dessa trajetória zerada é culpa da falta de processos administrativos científicos. Vamos no oba–oba, no deixar estar pra ver como é que fica. Assim não melhoramos o mínimo. Outro ponto a destacar é que as terceirizações buscando minimização de custos apelaram para empresas de segunda linha, de menor produtividade e de salários mais comprimidos para compensar.
Mas especialmente nos serviços é que a coisa está feia. Uma velha mania de capital x trabalho impele o trabalhador a não buscar melhorar seu desempenho e o capital a não se preocupar com isto. Agora que estamos numa fase de pleno emprego esta falta de sintonia aumenta. Custos de serviços absurdos e com baixa qualidade e péssima produtividade.
Que falta investimento em formação técnica é bastante sabido. Mas falta também, ou principalmente, investir no ser humano como companheiro e colaborador. Responsabilidade e ética estão alem de simples ferramentas operacionais.