Com frequência escuto chefes, gerentes e diretores de empresas reclamando da falta de compromisso de seus funcionários porque estes não querem fazer horas extras, ou não se dispõem a trabalhar até tarde sem ganhar - para aqueles que não batem cartão.
Por outro lado, os funcionários também reclamam das enormes pressões a que são submetidos e da grande quantidade de horas a mais trabalhadas - varando noites.
O que se observa é que o trabalhador brasileiro é um dos que mais trabalha no mundo. Entretanto a nossa produtividade é baixa, isto é produzimos menos por hora.
De começo se pode entender que há falta de planejamento na maioria das empresas. Querem reduzir o custo de pessoal continuamente, mesmo sem saber se este é o custo maior dos seus processos produtivos. Por isso não só reduzem a quantidade de funcionários como também sua qualidade, na medida em que contratam pessoas menos qualificadas. Ainda assim almejam ganhos de produtividade e menor erro.
Isto poderia acontecer, entretanto, se houvesse investimento em capital, máquinas, equipamentos, dispositivos, que permitissem ganhos importantes no desenvolvimento do trabalho humano. Porém, não se tem visto investimentos em grande escala, parte porque o custo do dinheiro é muito elevado, parte porque o mercado brasileiro é muito flutuante, e planejar em longo prazo é entrar num ambiente muito nebuloso.
“Vestir a camisa” não é uma questão de trabalhar mais horas para a empresa. Deveria ser fazer a coisa da melhor forma, com a máxima qualidade e com o menor custo. Para isto é preciso que haja algum tempo de planejamento das atividades de hoje, desta semana, deste mês, e também do prazo mais longo. Mas não existe essa hora de pensar, pois a pressão é sobre o fazer. Também como pensar com os funcionários mal preparados e com salários baixos. Por incrível que possa parecer isto está cada vez mais comum nas empresas.
Ao governo federal cabe parcela da culpa dessa degradação pela quantidade de impostos sobre a folha. Porém, aos executivos das empresas também cabe o ônus de só olhar o dia de hoje, a despeito de orçamentos anuais e plurianuais.
Aumentar o número de horas trabalhadas não é solução, nem para o próprio executivo.