O 12° plano quinquenal chinês a ser aprovado na próxima semana deverá causar uma nova onda econômica mundial.
O plano indica mudanças de rota: 1) de prioritariamente exportador para aumento de consumo interno; 2) de exclusivamente manufatureiro para um incremento forte em serviços.
Esse plano chega num momento particularmente interessante no contexto global, pois a elevação de custos na China está causando, já, a saída de algumas empresas em direção a outros países com mão de obra ainda mais barata. Também se observa uma discrepância muito grande entre os ganhos das regiões mais desenvolvidas do resto da China. O aumento em serviços deve sugerir uma demanda maior por mão de obra nas cidades, o que permite a continuidade da emigração rural, hoje da ordem de 15 milhões de pessoas por ano.
O quadro futuro será uma população gigantesca ganhando mais poder de compra anualmente, que começará a demandar avidamente. Os salários devem crescer. Desenvolvimento similar aconteceu no Japão pós segunda grande guerra.
Como exercício pensemos no quanto será necessário produzir no mundo todo para suportar essa demanda incremental: mais alimentos, mais energia elétrica, mais água, mais produtos industrializados, mais petróleo e álcool. A própria China não terá condições de garantir esses fornecimentos, assim a demanda mundial por eles aumentará. Também deve crescer o custo de produção, o que permitirá o retorno de muitas empresa aos seus países de origem ou uma nova onda de deslocamento mundial de empresas, quer para países vizinhos, quer para Índia e região.
Haverá novas oportunidades para exportadores de commodities e consequente aumento de preços. Explorações de petróleo no pré-sal devem ser viabilizadas por isso, e novas fontes energéticas serão aceleradas. Não podemos esquecer que a China tem investido em novas pesquisas. A soma de progressos em pesquisas com maior demanda interna garantirá que esse país seja o motor do mundo futuro, tomando o lugar do EUA. Portanto, mudanças nas rotas mundiais de comércio acontecerão com certeza. O Brasil pode ter enormes oportunidades de negócios, porem é preciso também investir em pesquisa e desenvolvimento para não ficar apenas na exportação de commodities sem valor agregado.
