Não tenho qualquer dúvida de que as grandes cidades brasileiras são campeãs mundiais em alguns quesitos. Congestionamento do tráfego diário, construções sem ordenamento e sem licenças estão entre eles. Mas o mais importante é a incapacidade de nossos governantes em pensar no bem comum. Suas mentes estão poluídas.
O Brasil possui uma densidade populacional
marcadamente ao longo da costa
Acredito ser natural essa tendência, pois num país com regiões tropicais o mar é sempre um atrativo. Mesmo em regiões mais temperadas do Sul e Sudeste o clima e a beleza natural nos sugerem a proximidade com a água do mar.
Pelo lado da produção agro e a pecuária a concentração está mais para a região central ou para o interior.
Em ambos os casos de concentração, de pessoas e de produção, há grandes falhas de planejamento de ocupação, de destruição do meio ambiente e de falta de planejamento logístico.
Nos Estados Unidos a cidade de Houston, por exemplo, com pouco mais de 1 milhão de pessoas é a quarta cidade mais populosa de um país com o dobro da população brasileira.
Na Europa uma cidade importante como Frankfurt é do tamanho de São José dos Campos.
Em outras palavras, não há um tão grande número de cidades com mais de 1 milhão de habitantes tanto de um lado quanto de outro do Atlântico norte.
Ao contrário, por aqui temos verdadeiro corredores de grandes ou mega cidades.
Qual deveria ser então a matriz de transporte de pessoas entre essas regiões? Qual a mais econômica, a mais segura, a mais rápida, a menos poluente? Se procurarmos responder a essas questões estaremos certamente optando pelo trem.
Qual a matriz de transporte de mercadorias mais conveniente? Também o trem. Qual a matriz de transporte que deveríamos ter nas grandes cidades? O metro (trem do subsolo).
Apesar de isto ser claro, as opções de política são ao contrário. Privilégio para os caminhões e automóveis e ônibus.
Daí, ganhamos um trânsito infernal com custos enormes para a sociedade. Ganhamos índices de acidentes e mortes nas estradas que superam os de guerra em outros países. Ganhamos produtos com vida útil reduzida ao chegar ao consumidor final.
Ganhamos produtos com preços mais altos e falta de competitividade internacional.
Ganhamos cidades isoladas, onde o único meio de se lá chegar é por asfalto destruído, como vingança, pela natureza.
Ganhamos ruas esburacadas pelo peso dos veículos.
E o Governo Federal não consegue, sequer, definir uma data e tão pouco um orçamento para a implantação de um trem bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro.
E os governos locais continuam a inventar corredores de ônibus que nada resolvem.
A minha esperança é que a Copa do Mundo e as Olimpíadas, por pressão de seus coordenadores internacionais, nos obriguem a mudar de mentalidade e que sirva não só para uma melhor matriz logística para deslocamento de pessoas, mas que influencia a matriz logística de deslocamento de produtos.