Quarta, 15 Mai 2024

Quando eu era criança e morava na cidade de São Paulo, era comum, em todos os períodos de verão, escutar nas rádios ou ler nos jornais que o rio Tietê havia transbordado e suas águas inundado as margens em enormes áreas de ambas os lados. Coisa da natureza. Chuvas de verão.

O homem inventivo e pretensamente capaz de domar a natureza planejou e construiu as marginais por onde circulam milhares de veículos todos os dias. Depois dessa obra descansou e não imaginou que a natureza pudesse dar o troco. Por isso, só quando as chuvas começaram a causar novas inundações foi que o governo do estado começou a cavar mais fundo o rio. Na verdade, estaria restabelecendo a profundidade natural reduzida pela ação do homem predador e aumentando-a ainda mais para garantir que não mais teríamos problemas.

Ledo engano. A natureza vai lentamente quando cria, mas dá enormes saltos quando destrói, quando reage.

Por isso, por mais que o homem faça, por mais que os políticos garantam que nada há para se temer, eles não têm o dom de domar a reação da natureza.

Os políticos, especialmente os prefeitos das grandes cidades e os governadores, são pessoas esclarecidas. Ademais, devem possuir em seus gabinetes assessores que os orientem quanto aos mais diversos assuntos, inclusive aqueles ligados ao meio ambiente.

Foto: www.angra.rj.gov.br

Ocupação irregular gerou terrível imagem dos escombros após o deslizamento no Morro da Carioca, em Angra dos Reis (RJ)

Será que a ocupação das margens do rio Tietê por milhares de pessoas não era do conhecimento desses dirigentes?

Se eu quiser fazer uma pequena reforma numa casa, acrescentando um cômodo, terei, com certeza, um fiscal em minha porta querendo saber se está tudo legalizado antes que termine o telhado da nova área. Logo, é óbvio que há recursos de avaliação e controle disponíveis.

Por que então deixam que essas inúmeras famílias ocupem áreas de risco? É puramente falta de vergonha e falta de coragem.

Como é difícil para um político dizer não a algum grupo da nossa população, mesmo sabendo que estão errados. Tentam sempre contemporizar tudo. Aprendi nos muitos anos de administração que o bem administrar é saber decidir e dizer sim ou não.

Além dessa observação simples e necessária, é também fácil concluir que proibir algo errado no seu início é menos doloroso do que fazê-lo quando a coisa está incontrolável.

As ocupações de áreas de risco quer por favelas, principalmente, quer por construções mais elaboradas ou mesmo de luxo (como no caso do lago Paranoá, em Brasília), são iniciadas por poucos.
 
Mostrar que vale a lei é sempre preciso e mais correto do que depois levar luz elétrica para favelas ou urbanizá-las nas suas áreas de risco, com construções sem cálculos de engenharia.

Quando chegam as desgraças os políticos aparecem, fazem cara de choro, mas no fundo estão pouco se lixando para a desgraça dos outros. Retificam rios, fazem piscinões, imaginando que a natureza vai respeitá-los.

Nos casos atuais de Angra dos Reis e outros em Cunha e São Luiz do Paraitinga, sem contar com as ruas inundadas do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, a força da natureza se mostra maior do que a sabedoria dos homens. Para mim seria maior que a burrice dos homens.

E ainda querem transpor o rio São Francisco de lambuja.

Quando será que teremos administradores públicos verdadeiramente capazes? Daqui há pouco tempo, os maiores problemas a serem citados em enquetes serão segurança, poluição, emprego, saúde, educação e mais inundação.

Essa inundações e mortes parecem propositais, pois como não são resolvidos os problemas usuais se criam novos para desviar a atenção.

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